Dez perguntas importantes que todas as mulheres deveriam fazer aos seus médicos, mas nem sempre fazem – seja por vergonha, tabu, falta de conhecimento.

As respostas ajudam as mulheres a se conhecer mais e ter uma melhor saúde íntima.

Cistos de ovário podem ser normais?

Todo mês durante o ciclo menstrual os hormônios da mulher fazem com que o ovário produza pequenos cistos e, com o estímulo hormonal, um desses cistos irá crescer e se tornar o cisto dominante (cisto a partir do qual o óvulo irá ser liberado). Dessa forma é normal e comum que a mulher tenha cistos no ovário. Exames como ultrassom podem diferenciar esses cistos ovulatórios de outros cistos mais complexos que podem precisar de algum tipo de seguimento específico.

Masturbação pode romper o hímen?

É muito pouco provável que a masturbação rompa o hímen, pois o hímen é uma membrana que fica na entrada da vagina e que tem um orifício (por onde passa a menstruação), e a inserção do dedo ou absorvente interno não tem forte potencial de romper a membrana. Importante lembrarmos que apesar de o Hímen ser um dos símbolos da virgindade muito usado em nossa cultura até há algumas décadas, ter o hímen intacto não é sinônimo ser virgem (existem diversas formas de sexo que não incluem penetração) e não ter não é sinônimo de não o ser (algumas mulheres podem não ter essa membrana desde o nascimento, ou a ter com orifício maior). Importante que a mulher conheça seu corpo e entenda quais as possibilidades em relação ao seu prazer.

Como sei que o cheiro lá de baixo está normal? Preciso lavar dentro da vagina? Devo usar sabonete íntimo ou algo diferente?

A vagina da mulher tem o PH ácido variando de 3,8 a 4,2. Esse Ph é gerado pela presença de bactérias (lactobacilos) que permanecem em equilíbrio na vagina. O uso de sabonete íntimo dentro da vagina pode alterar o pH e fazer com que haja predisposição a infecções. Dessa forma, não é indicado o uso de sabonete íntimo na parte interna (vagina). Já na parte externa (na vulva – pequenos e grandes lábios) pode ser usado em qualquer tipo de sabonete tanto sabonete íntimo quanto sabonete normal para a limpeza do dia a dia. Apesar de sabermos que não é o mais indicado muitas mulheres se sentem bem usando o sabonete íntimo no interior da vagina. Nesse caso deve-se atentar para a presença de irritações, alteração do odor, ou presença de secreção alterada de cor alterada que podem indicar infecções. Outro ponto a ser salientado é que o uso do sabonete íntimo após as relações não previne a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis. Para a prevenção de infeções sexualmente transmissíveis deve-se usar o preservativo, masculino ou feminino.

É normal sair secreção na calcinha?

É normal sair uma secreção clara, sem odor, e que não causar nenhum tipo de irritação ou coceira. Toda mulher tem uma secreção chamada de fisiológica, que é transparente/ levemente esbranquiçada, sem odor, e não causa nenhum tipo de coceira ou irritação. É importante lembrarmos que a secreção vaginal mudar ao longo do ciclo Menstrual. A secreção é mais fluida na primeira metade do ciclo (entre o fim da menstruação e 14 dias após o início da menstruação) tornando-se um pouco mais espessa após o 14º dia do ciclo. A mulher pode prestar atenção no ciclo e perceber essas variações, que são normais e fazem parte do ciclo menstrual. Deve haver preocupação e consulta com o time de saúde caso a mulher identifique mudanças na secreção em relação a cor (secreção amarelada ou esverdeada) ou ao odor (odor forte).

Mulher virgem pode usar tampão?

Sim, mulher virgem pode usar tampão (absorvente interno). Na mulher virgem o Hímen (uma membrana que fica a poucos centímetros da entrada da vagina) ainda não foi “rompido”. O Hímen é uma fina membrana que fica próxima à entrada da vagina e que tem um orifício que permite a passagem da menstruação. Quando a mulher usa o tampão ela insere o tampão por essa passagem, não havendo rompimento do Hímen. Como é muito importante que a mulher conheça seu corpo e saiba como colocar o tampão de forma adequada é sempre recomendado que ela passe por uma consulta com ginecologista, para conhecer anatomia de sua vagina e ter orientações de como colocar e retirar o tampão, bem como do melhor tamanho de tampão a ser usado.

O que é atraso menstrual?

O número de dias de um ciclo menstrual (dias que contados entre o primeiro dia da menstruação de um mês e o último dia antes da menstruação do mês seguinte) varia de acordo com cada mulher. Dura entre 21 em 35 dias, sendo que a média das mulheres tem o ciclo menstrual de 28 dias. Atraso menstrual é quando a menstruação não desce no dia esperado. O atraso menstrual nem sempre significa algo alterado, pode ocorrer em mulheres que tem alteração pontual no período da ovulação (estresse pode influenciar), e também pode ser um sinal de que a mulher está grávida. Sempre que não ocorrer menstruação em uma mulher com ciclos regulares é importante consultar o time de saúde. Outro ponto importante é a mulher conhecer seu ciclo, e conhecer as mudanças no corpo de acordo com as fases do ciclo.

Como a pílula funciona e ela funciona na pausa?   

Durante o ciclo menstrual existem variações nos níveis hormonais da mulher que estimulam a produção de grande quantidade de dois hormônios secretados pela hipófise (LH “hormônio luteinizante) e FSH (hormônio estimulante do folículo)) gerando um pico desses hormônios. O pico na secreção desses hormônios irá causar o fenômeno da ovulação. A pílula tem comprimidos com uma quantidade padronizada de hormônios estrogênios e progestagênios que tem o potencial de inibir o fenômeno do pico hormonal que irá causar a ovulação. Dessa forma mulheres usando pílula não ovulam. O funcionamento da pílula depende do tipo de hormônio que ela tem e da quantidade de hormônios. Existem pílulas de uso contínuo em outras que necessitam de pausa. Quando a pílula não é continua, deve se fazer uma pausa conforme orientação do seu time de saúde. No caso de pausa necessária a pílula funciona mesmo na pausa, pois não ocorre a ovulação em nenhum momento do ciclo.

Sexo oral numa mulher pode passar DST? Tem um jeito de se proteger?

Ao contrário do que muitos acreditam, o sexo oral também pode transmitir infecções. Para que haja transmissão de infecções é necessário que mucosas (da boca, da vagina ou do pênis) entrem em contato. Durante o sexo oral a mucosa da boca entre em contato com a mucosa da vagina e do pênis, o que pode facilitar a contaminação com infecções sexualmente transmissíveis. Dentre as principais infecções que podem ser transmitidas dessa forma estão o HPV (causa verrugas nos órgãos genitais e boca), gonorreia (causa um tipo de corrimento), herpes (causa pequenas “bolhas” e ardor) e sífilis. Para evitar a transmissão, o sexo oral deve ser protegido por camisinha masculina ou feminina, que protegem a área genital e a boca do parceiro/parceira. Outro ponto importante é a pessoa olhar os órgãos genitais do parceiro/ parceira quando for fazer sexo oral. Algumas infecções, como HPV, podem ter manifestações visíveis, como a presença de verrugas. A ausência de lesões não exclui as infecções, mas sua presença já pode confirmar.

Como saber se a mulher alcançou o orgasmo?

Não existe uma reação que seja igual para todas as mulheres no momento do orgasmo. O orgasmo pode ser de uma reação muito intensa, uma reação mais leve percorrendo todo corpo, e varia de pessoa para pessoa. Algumas dicas do que acontece com corpo podem levar a mulher a perceber se está perto ou teve orgasmo: pode haver contração da vagina e útero; algumas mulheres podem sentir uma leve cólica e a vagina ficar mais lubrificada (sensação de que o pênis entre sai com mais facilidade se estiver fazendo sexo com penetração); o mamilo fica endurecido; pode haver contração do corpo como um todo. Em geral é uma sensação intensa que dura alguns segundos, ficando uma sensação agradável após, mas não existe uma regra. O melhor jeito de a mulher saber se chegou ao orgasmo é conhecer seu corpo. Para isso um dos caminhos saudáveis é a masturbação. A masturbação permite à mulher saber o que lhe dá prazer, além de conhecer qual a sua sensação quando está chegando perto do orgasmo e quando tem orgasmo.

É verdade que existe um ponto G na mulher? Onde fica?  

A existência do ponto G como estrutura anatômica (um ponto específico onde encontram-se terminações nervosas capazes de levar a mulher ao orgasmo vaginal) é algo controverso, sendo que alguns pesquisadores acreditam na sua existência e outros não. Fato é que algumas mulheres tem relato de orgasmos mais intensos quando estimulado a parede anterior da vagina, sendo que para outras essa região não é particularmente interessante como ponto de estímulo. Independente disso é importante que a mulher conheça seu corpo, e os pontos que lhe dão prazer. Testar a estimulação de diferentes pontos, incluindo da região do ponto G (localizada na parte anterior da vagina a 2-3 cm de sua entrada) vai permitir à mulher conhecer os diferentes pontos que lhe dão prazer, e conhecer seu corpo. Isso pode ser feito em conjunto com seu parceiro ou parceira, e também durante a masturbação.


Lisandra Stein é ginecologista da Comunidade de Saúde da Alice e Professora Livre Docente pela Universidade de São Paulo (2017). Alice é uma healthtech, com sede em São Paulo, com a proposta de tornar as pessoas mais saudáveis (e, com isso, o mundo mais saudável). E, para tanto, lançaram um produto inédito: um plano de saúde para quando você precisar e um Time de Saúde para usar todos os dias. www.alice.com.br

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