Em parceria com o Instituto Datafolha, a Novo Nordisk realizou uma pesquisa para entender as percepções dos brasileiros sobre a esteatose hepática, popularmente conhecida como gordura no fígado. Trata-se de uma das doenças hepáticas crônicas mais prevalentes e que afeta aproximadamente 30% da população mundial.

A gordura no fígado aumenta o risco de doenças do coração e de tumores malignos, e, se não tratada, pode evoluir para inflamação do tecido do fígado com formação de cicatrizes, trazendo complicações graves como cirrose hepática e câncer de fígado. Em estágios avançados da doença, o transplante é necessário — uma necessidade crítica e difícil de ser atendida.

O estudo, com abrangência nacional e realizado com 2.013 brasileiros de média de idade de 43 anos. De acordo com os resultados, 61% da população brasileira nunca fez ou não sabe quais exames detectam gordura no fígado, embora 62% afirmem que ficariam muito ou extremamente preocupados com esse diagnóstico. Entre os hábitos mais citados como fatores contribuintes para a doença, estão o excesso de peso (58%) e o consumo de bebida alcoólica (46%).

O médico George Mantese, mestre em Epidemiologia e doutorando em educação e Saúde, explica que a popularização das canetas à base de agonistas de GLP-1 — como semaglutida e tirzepatida — tem sido impulsionada principalmente por seus efeitos na perda de peso. Mas uma frente de pesquisa igualmente relevante vem ganhando destaque: a capacidade desses medicamentos de reduzir a gordura acumulada no fígado.

Nos últimos anos, estudos clínicos e análises de imagem vêm demonstrando reduções expressivas da gordura hepática em pacientes tratados com essas moléculas, mesmo entre aqueles que não apresentavam grande perda de peso durante o tratamento. “Os agonistas de GLP-1 têm um efeito direto no metabolismo hepático que vai além do emagrecimento”, explica ele. “Eles diminuem a lipogênese, melhoram a sensibilidade à insulina e reduzem a inflamação, o que contribui para a queda da gordura no fígado.”

Mantese conta que uma das principais descobertas recentes veio do estudo ESSENCE, que avaliou tirzepatida em pacientes com esteato-hepatite metabólica. Os resultados mostram reduções importantes de gordura no fígado já nas primeiras semanas de tratamento: até 47–50% de redução de gordura hepática medida por ressonância, dependendo da dose; melhora de marcadores inflamatórios e queda significativa da rigidez hepática.

Outro estudo, com semaglutida 2,4 mg semanal, avaliou pacientes com obesidade e mostrou: redução de 30% a 40% na gordura hepática, também medida por ressonância magnética; melhora de resistência insulínica e marcadores metabólicos.

“As reduções são clinicamente relevantes”, afirma Mantese. “A esteatose hepática é hoje uma das maiores causas de progressão para fibrose, cirrose e câncer hepático. Reduções acima de 30% já são suficientes para diminuir o risco de evolução da doença.”

Pesquisas mostram que a redução da gordura hepática pelas canetas não depende apenas do emagrecimento. Três mecanismos principais ajudam a explicar o efeito: maior sensibilidade à insulina, redução da lipogênese hepática; e efeito anti-inflamatório direto

“Quanto mais cedo tratamos pacientes com esteatose, maiores são as chances de evitar fibrose e complicações graves”, destaca Mantese.

Quem mais se beneficia?

Os dados sugerem maior resposta em:

Pessoas com resistência insulínica;

Pré-diabetes e diabetes tipo 2;

Obesidade central (gordura abdominal);

Pacientes com NASH comprovado por elastografia ou biópsia.

Mas pacientes com sobrepeso leve e esteatose detectada por ultrassom também apresentam benefícios metabólicos.

Para o médico, as canetas à base de GLP-1 representam um avanço não apenas no manejo da obesidade, mas também na saúde hepática, especialmente em pacientes com esteatose e risco metabólico elevado. “Quando bem indicados e acompanhados, esses medicamentos têm potencial de mudar o curso natural da doença hepática gordurosa”, conclui Mantese.

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