Com o passar dos anos, o corpo masculino enfrenta uma perda gradual de massa muscular e força — um processo natural, mas que pode comprometer autonomia, desempenho e até expectativa de vida. Entre os homens que chegam aos 40, cresce a busca por suplementos como o whey protein, visto como atalho para manter a vitalidade.

Segundo George Mantese, médico de família e comunidade, mestre em Epidemiologia, doutorando pela USP e especialista em longevidade e wellness, o whey não é milagre. Ele pode ser uma ferramenta valiosa, mas só faz sentido dentro de um conjunto que inclui treino de força e alimentação adequada.

Evidências científicas confirmam que a combinação de proteína de alto valor biológico com treinamento traz benefícios, embora de forma modesta. Uma meta-análise que reuniu 49 ensaios clínicos mostrou que a suplementação proteica aumentou a massa magra e a força em adultos que treinavam regularmente.

Entre idosos com sarcopenia (perda progressiva e generalizada de massa, força e função muscular), um estudo recente relatou ganhos adicionais de massa muscular e força de com whey associado ao exercício — ainda que o efeito tenha sido pequeno. Em contrapartida, outras revisões destacam a heterogeneidade dos resultados: em adultos inativos, os efeitos foram inconsistentes, variando de acordo com a dieta basal e a intensidade do treino.

“Estudos como o de Holwerda, de 2018, não encontraram diferença entre whey e placebo em idosos, mas isso pode refletir um detalhe importante: se a dieta já tem proteína suficiente, o suplemento pode não trazer benefício adicional”, observa Mantese. “Segundo estudos, melhores resultados acontecem quando a suplementação acompanha um treino estruturado. Em outras palavras: o whey só potencializa o estímulo que já existe”, acrescenta o médico.

Segundo o especialista, outro ponto crítico é a quantidade. Para jovens, 20 a 25 gramas de proteína por refeição parecem suficientes. “Mas isso pode não valer para homens mais velhos. Depois dos 40, ocorre a chamada resistência anabólica: o músculo responde menos ao estímulo proteico. Por isso, estudos sugerem que doses maiores — entre 30 e 40 gramas de proteína de qualidade por refeição — sejam necessárias para maximizar a síntese muscular”, explica.

Cuidados e riscos

A suplementação é considerada segura em homens saudáveis, mas exige cautela em quem tem doenças renais ou hepáticas. Além disso, a qualidade dos produtos no mercado é variável, e já foram documentados casos em que o conteúdo não corresponde ao rótulo. “É fundamental buscar marcas certificadas e acompanhamento profissional”, alerta o médico.

Segundo Mantese, o whey protein não é um salvador, mas pode ser uma ferramenta no kit da longevidade. Sozinho, tem efeito limitado; com treino e boa dieta, pode ajudar a preservar massa muscular, força e qualidade de vida. “O protagonista é o estilo de vida ativo. O whey é apenas um reforço”, conclui.

Recomendações práticas

Treine força regularmente (3–4 vezes por semana).

Consuma de 30 a 40 g de proteína de alta qualidade por refeição.

Distribua a ingestão ao longo do dia.

Monitore exames renais e hepáticos periodicamente.

Prefira suplementos de procedência confiável.

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