Não é a toa que o intestino é conhecido como o ‘segundo cérebro’. “É nele são produzidos neurotransmissores como a serotonina, essencial para o bem-estar”, explica o cirurgião do aparelho digestivo Dr. Rodrigo Barbosa. “Isso significa que alterações emocionais podem afetar diretamente sua função — e o contrário também é verdadeiro: desequilíbrios no intestino impactam o humor e a saúde mental.”

Para o médico, o corpo pode ser um grande aliado para identificar quando a mente não vai bem. Entre os sistemas mais sensíveis às emoções está o aparelho digestivo, que muitas vezes funciona como um espelho do estado emocional. Entre os principais sinais digestivos de sofrimento emocional Dr. Rodrigo destaca:
 

Intestino preso ou diarreia recorrente

A ansiedade e o estresse liberam hormônios como o cortisol e a adrenalina, que interferem no trânsito intestinal. Isso pode fazer o intestino acelerar demais — resultando em diarreia frequente — ou reduzir os movimentos intestinais, levando à constipação. “Pessoas sob pressão intensa muitas vezes relatam alternância entre os dois quadros, o que afeta diretamente a qualidade de vida”, diz o médico.
 

Refluxo e azia

Momentos de tensão emocional estimulam a produção de ácido no estômago e aumentam a sensibilidade do esôfago. “O resultado é a sensação de queimação ou refluxo ácido, que tende a piorar em pessoas ansiosas, especialmente durante períodos de estresse no trabalho, preocupações financeiras ou conflitos pessoais”, sinaliza.
 

Síndrome do intestino irritável

Essa condição crônica é uma das doenças que mais exemplificam a ligação entre cérebro e intestino. Caracterizada por dores abdominais, gases, diarreia e/ou constipação, a síndrome do intestino irritável é frequentemente agravada por situações de ansiedade, estresse e até episódios de depressão. Estudos apontam que até 70% dos pacientes apresentam algum histórico de sofrimento emocional.
 

Compulsão alimentar ou falta de apetite

As emoções influenciam diretamente a relação com a comida. Pessoas em depressão podem perder o interesse por se alimentar, resultando em perda de peso e carências nutricionais. Já em situações de ansiedade, é comum a busca por “alívio imediato” na comida, levando a episódios de compulsão alimentar — geralmente por alimentos calóricos, ricos em açúcar e gordura. “Ambos os extremos sinalizam que a saúde emocional precisa de atenção”, fala Dr. Rodrigo.

Segundo o especialista, o olhar atento para o aparelho digestivo pode ajudar a identificar quando o corpo está pedindo ajuda. “É importante entender que dores ou alterações persistentes não devem ser ignoradas ou tratadas apenas como sintomas físicos. Muitas vezes, eles revelam que existe um sofrimento emocional que precisa de acompanhamento médico e psicológico”, reforça.

“Cuidar da saúde mental é também cuidar do aparelho digestivo — e vice-versa. Reconhecer esses sinais pode ser o primeiro passo para buscar apoio, evitar complicações e preservar tanto o equilíbrio físico quanto emocional”, finaliza Dr. Rodrigo.

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