Maio é o Mês de Conscientização da Dor Pélvica, uma iniciativa destinada a oferecer esclarecimentos sobre essa condição que impacta milhares de mulheres em todas as faixas etárias. Por muito tempo, dores pélvicas, incluindo cólicas menstruais intensas, foram vistas como algo comum entre as mulheres. No entanto, esses sintomas podem ser indicativos de doenças ginecológicas, tais como endometriose, adenomiose, miomas uterinos e outras condições.
A Dra. Marcia Mendonça, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), esclarece que a dor pélvica pode ser classificada em dois tipos: aguda e crônica. A dor pélvica aguda é localizada na região abaixo do umbigo e tem uma duração de 1 a 5 dias, enquanto a dor pélvica crônica (DPC) apresenta a mesma localização, porém persiste por um período prolongado, em geral superior a 6 meses.
A especialista explica que existem diversos fatores que podem estar relacionados à causa da dor. A dor aguda pode estar ligada a processos infecciosos ou inflamatórios, como a doença inflamatória pélvica, infecções cervicais, cólicas ou dor ovulatória. Já a dor crônica pode ter diversas origens, tanto ginecológicas quanto não ginecológicas. “Entre as causas ginecológicas, destacam-se a endometriose, as dores relacionadas ao útero, como a dismenorreia, e miomas uterinos. Quanto às causas não ginecológicas, incluem-se a constipação intestinal crônica, alterações intestinais e esqueléticas”, destaca a médica.
Causas
A dor pélvica é frequentemente associada ao ciclo menstrual ou a problemas ginecológicos comuns. No entanto, diversos distúrbios urinários e gastrointestinais podem levar à dor pélvica e abdominal, tais como a infecção urinária, pielonefrite e apendicite.
Esses distúrbios podem ser classificados em:
- Distúrbios ginecológicos, que afetam os órgãos reprodutores (vagina, colo do útero, útero, trompas de Falópio e ovários).
- Distúrbios que impactam outros órgãos pélvicos, como a bexiga, a parte inferior dos ureteres, a uretra, o reto, o apêndice ou o assoalho pélvico (músculos, ligamentos e tecidos que sustentam os órgãos pélvicos).
- Distúrbios que afetam estruturas próximas à pelve, mas fora dela, como a parede abdominal, o intestino, os rins ou a parte superior dos ureteres.
Outras Doenças
A médica da FEBRASGO enfatiza que a endometriose é uma causa significativa de dor pélvica crônica (DPC), podendo estar presente em até 40% dos casos. É crucial salientar que, quando uma mulher apresenta dor pélvica crônica, a avaliação médica completa é essencial. Não podemos esquecer que existem diversos fatores associados à dor, como alterações músculo-esqueléticas, problemas relacionados ao assoalho pélvico, doença miofascial, alterações urinárias, constipação intestinal e síndrome do intestino irritável, os quais precisam ser considerados para um diagnóstico diferencial adequado.
O tratamento da endometriose é amplo e deve envolver uma equipe multidisciplinar, visto que é uma condição benigna associada à dor e à infertilidade. Pode-se usar medicamentos para controlar a dor e suspender os ciclos menstruais naquelas que não desejam engravidar. Além disso, é preciso incluir fisioterapia, atividade física, ajustes na dieta e outras medidas, como acupuntura. A cirurgia está indicada em casos selecionados e deve ser realizada por profissionais com expertise no tratamento da doença. Em caso de infertilidade, as técnicas de reprodução assistida como a fertilização in vitro (FIV) são a melhor opção. Em qualquer situação , o foco é a melhoria da qualidade de vida da mulher.
Prevenção
De acordo com a Dra. Marcia Mendonça, a prevenção da DPC pode ser difícil, pois doenças como a endometriose não são passíveis de prevenção. No entanto, a adoção de medidas de saúde em geral, como manter uma dieta equilibrada, praticar atividade física e ingerir alimentos ricos em fibras e não inflamatórios podem melhorar o funcionamento do intestino e promover uma boa saúde geral. “Quando uma mulher apresenta dor, especialmente aquela que compromete sua qualidade de vida, é fundamental que ela seja avaliada clinicamente por um médico, com a realização de exames e eventualmente procedimentos complementares, que serão definidos após a consulta médica”, explica a especialista. “Entre os exames comumente solicitados estão ultrassonografia ou, em alguns casos, uma ressonância magnética”, conclui.
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