Durante anos, o tema dos pelos tem sido um tabu desmistificado e amplamente discutido entre mulheres, refletindo preocupações sociais e estéticas. No entanto, quando se observa um crescimento excessivo de pelos em corpos do sexo feminino, pode-se estar diante de uma condição que transcende a discussão cultural ou estética. O hirsutismo é um distúrbio que não só desafia as normas sociais, mas sinaliza possíveis desequilíbrios que exigem acompanhamento médico.
De acordo com Luciana Mela Umeda, médica endocrinologista e professora doutora do curso de Medicina, os principais sintomas são aumento de pelos na região das costas, rosto, buço, queixo, ao redor dos mamilos, nádegas e abdômen. Geralmente os pelos são abundantes e grossos, podendo causar constrangimento e desconforto.
“São várias as causas do hirsutismo, entres as mais comuns podemos citar os fatores genéticos, que são ligados a alguns grupos étnicos específicos como mediterrâneos, hispânicos, do sul da Ásia ou do Oriente Médio; o uso de medicamentos que contêm corticoides e esteroides anabolizantes e as alterações hormonais como a síndrome dos ovários policísticos, obesidade, resistência à insulina, hiperplasia adrenal congênita, Síndrome de Cushing e alguns tumores produtores de andrógenos”, cita.
Reconhecendo a diversidade das causas do hirsutismo, a abordagem para seu tratamento exige uma compreensão holística e individualizada de cada caso. Se a paciente apresentar indícios de obesidade é necessário focar na perda de peso e mudança do estilo de vida. Se tiver Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), o foco é na perda de peso e no uso de medicamentos que melhorem a resistência à insulina e estimulam a ovulação.
“A SOP é uma patologia muito prevalente. Sabemos que de 70 a 80% das mulheres com SOP cursam com hirsutismo. Elas podem ter dificuldade para engravidar devido a dificuldade na ovulação, resistência à ação da insulina e pelo aumento de andrógenos. Portanto, pode haver uma forte correlação entre o hirsutismo e infertilidade, e o tratamento precoce pode reverter esse achado”, afirma.
Além dos fatores citados acima, ainda existem: causas tumorais, nas quais é preciso detectar o local do tumor; por medicamentos, quando o mais indicado é suspendê-los, se possível; e nos casos de origem genética, indicado o uso da depilação, eletrólise ou tratamento a laser.
Caso identificado alguns dos sintomas, a endocrinologista recomenda a busca por um médico especialista para realizar um tratamento, já que, quando não tratado, o hirsutismo pode afetar a saúde mental trazendo estresse emocional, depressão e ansiedade. Além disso, quando causada pelo excesso de andrógenos (hormônios masculinos), podem apresentar dificuldades para engravidar (infertilidade), voz grave, diminuição do tamanho dos seios, aumento da musculatura e do clitóris e acne.
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