Em 2023, o Ministério da Saúde registrou 4.245 casos de meningite no Brasil. Do total de casos divulgados, 50% dos registros são de bebês, crianças e adolescentes. A faixa etária de 1 a 4 anos foi a mais atingida, representando 37% dos casos, seguida pelos bebês com menos de um ano, com 30%, crianças de 5 a 9 anos, com 22%, e as de 10 a 14 anos, com 11%.

Um outro dado do Ministério da Saúde, que trata sobre as meningites mais frequentes considerando o período de 2007 a 2020, mostrou que do total de casos confirmados, a meningite viral foi mais frequente do que a bacteriana.

Como explica o Dr. Paulo Abrão, médico infectologista, “a meningite viral tende a ser menos grave e tem uma progressão mais branda do que a bacteriana, que geralmente é mais grave e pode progredir rapidamente, causando complicações sérias se não for tratada prontamente”, explica.

O especialista reforça que nem todos os pacientes expostos à meningite bacteriana, como aqueles que são infectados pelo meningococo, necessariamente desenvolvem a doença, pois o organismo pode se defender por meio da produção de anticorpos após o contato com essas bactérias, adquirindo, assim, resistência à infecção. “No entanto, crianças de 6 meses a 1 ano são particularmente vulneráveis ao meningococo, já que geralmente ainda não desenvolveram anticorpos suficientes para combatê-lo”, ressalta o Dr. Paulo.

Sinais e sintomas

O artigo “Sintomas pré-hospitalares associados à meningite bacteriana aguda diferem entre crianças e adultos” (tradução livre) publicada na  Revista Nature, em dezembro de 2023, explica que, como parte dos sintomas, as crianças são mais propensas a apresentar febre, fadiga, erupções cutâneas e rigidez de nuca, como destacados abaixo:

  1. Febre alta: a febre é frequentemente um dos primeiros sintomas e pode ser alta, muitas vezes acompanhada de calafrios.
  2. Irritabilidade e choro:os bebês e as crianças podem ficar irritados e chorar mais do que o habitual, especialmente quando são tocados ou manuseados. Os adolescentes podem apresentar irritações, pois os sintomas, como a dor e febre, podem aumentar o estresse.
  3. Rigidez no pescoço:rigidez no pescoço é um sinal clássico de meningite. Em bebês, isso pode ser percebido pela dificuldade em movimentar o pescoço ou pela resistência ao dobrar o queixo em direção ao peito.
  4. Erupções cutâneas e manchas na pele:algumas crianças e adolescentes podem desenvolver manchas vermelhas ou roxas na pele que não desaparecem quando pressionadas.
  5. Sonolência, fadiga e letargia:bebês e crianças podem parecer mais sonolentos do que o habitual e podem ser difíceis de acordar.  Os adolescentes podem apresentar também dificuldade em se concentrar, confusão ou alterações no estado de consciência.

Tratamentos

A meningite bacteriana requer tratamento imediato com antibióticos intravenosos para combater a infecção, e o tratamento geralmente é administrado em ambiente hospitalar. Já a meningite viral geralmente não responde aos antibióticos, pois é causada por vírus. Por isso, o tratamento visa aliviar os sintomas e pode incluir repouso, hidratação e medicamentos para controle da febre e da dor. Em casos graves, podem ser necessários medicamentos antivirais específicos.

Segundo o Dr. Paulo, “devido à gravidade do quadro clínico, os casos suspeitos de meningite bacteriana em bebês, crianças e adolescentes sempre são internados nos hospitais. Portanto, ao suspeitar de um caso, é urgente que os pais ou responsáveis procurem por um pronto-socorro para avaliação médica”, afirma.

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