Barriga e mamas. Essas são as partes do corpo que mais demandam queixas após uma gestação, segundo doutor Laercio Guerra, cirurgião plástico, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. O médico traz esses dados baseado na experiência própria que tem sobre o assunto. Mas qualquer pesquisa oficial sobre a questão aponta o descontentamento com o corpo da maioria das mulheres após a gestação. A flacidez abdominal, por exemplo, é uma das maiores reclamações quando a discussão é apenas estética.
Obviamente, ninguém precisa ficar infeliz com o corpo, quando há uma justificativa plausível para mudar o que não está em condições ideais. “Desde que, claro, se respeite a ordem natural das transformações, sem contar situações de zelo que impedem qualquer procedimento invasivo antes de um determinado período, como é o caso da amamentação”, lembra doutor Laercio. Portanto, qualquer intervenção cirúrgica após o parto deve respeitar um determinado prazo para que o corpo se reorganize espontaneamente em termos hormonais, que acabam impactando também em mudanças físicas. No geral, segundo o médico, cirurgias nas mamas devem ser pensadas quatro a seis meses findada a amamentação. As demais, um ano após o parto.
Agora, o que se pode fazer ao final desse, digamos, período de reorganização corporal natural, ainda existindo sequelas da gravidez? Tudo depende do problema a ser solucionado. Baseado nas maiores queixas das mulheres, doutor Laercio aponta as soluções para cada caso:
Barriga
Diástase. Durante a gestação, há o afastamento do par de músculos retos abdominais, que vão do tórax até o púbis. O problema, que afeta 30% das mulheres, é caracterizado quando essa musculatura não volta ao posicionamento normal após um ano do parto. Ainda que, no geral, a tendência é que esse reposicionamento muscular ocorra dois meses depois do nascimento do bebê. Assim, sem essa parede de contenção, os órgãos internos se projetam à frente, provocando um abaulamento ou estofamento abdominal. Isso é mais comum a partir da segunda gestação, na geração de gêmeos ou quando há um ganho de peso acima do indicado pelos ginecologistas (superior a 14,5 Kg). Uma maneira segura de avaliar a dimensão da diástase e, consequentemente, o que pode ser feito para reparar o problema, é uma exame chamado ultrassonografia da parede abdominal. Ele determina, em centímetros, qual é o tamanho do afastamento da parede abdominal. Se for pequeno, entre 1 e 1, 5 cm, um programa de exercícios isométricos, quando apenas se contrai a musculatura, sem movimento, orientando por um profissional com conhecimento de causa, pode resolver a questão. Agora, se esse espaçamento for superior a 1,5 cm, a solução passa por uma cirurgia de reposicionamento da musculatura. “Nesse caso, os exercícios não resolvem porque a hipertrofia, que é o aumento da musculatura, não é suficiente para fechar a parede abdominal. Afinal, já se trata de um problema anatômico”, diz doutor Laércio. “Hoje, uma cirurgia robótica, menos invasiva, que compreende três perfurações de 0,8 cm, pode sanar a diástase. Inclusive quando associada a uma flacidez leve a moderada”.
Diástase + excesso de pele e de gordura. Nesse caso,a indicação passa também por uma lipoabdominoplastia que, além de reposicionar a musculatura afastada, também elimina sobras de pele e de gordura da região abdominal, entre outras áreas, remanescentes da gestação.
Mamas
Diminuição dos seios e flacidez. Após o período de amamentação, há a diminuição do volume das mamas. Quando a pele não acompanha essa retração, há flacidez. A saída para o problema é uma cirurgia que passa pela colocação de uma prótese de silicone. Se houver a necessidade de suspender os seios, ou seja, se não for apenas uma questão de volume, a indicação é uma mastopexia. Trata-se de uma técnica cirúrgica de reposicionamento das mamas a partir da remoção do excedente de pele e adequação das mesmas. Isso pode ser feito com o próprio tecido mamário ou com a utilização de prótese.
Corpo em geral
Gordura localizada. Quando se ganha muito peso durante a gestação, há risco de acúmulo de gordura em diferentes partes do corpo, como braços, cintura, coxas e lateral de mamas. A primeira tentativa para a solução desse problema pede a adoção de hábitos saudáveis: alimentação balanceada e a prática de atividade física. “Se isso não for o suficiente, a lipoaspiração, que é uma técnica cirúrgica bastante conhecida para remoção do excesso de gordura, passa ser considerada”, afirma doutor Laercio.
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