Muito se engana quem acha que a urologia é uma especialidade médica dedicada exclusivamente ao público masculino. Apesar de tratar majoritariamente doenças que acometem os órgãos reprodutores dos homens, como a disfunção erétil e o câncer de próstata, médicos urologistas estão aptos a atender também outra parcela da sociedade: as mulheres que possuem problemas no sistema urinário.

As mulheres têm cerca de 50 vezes mais chances de desenvolver infecção urinária se comparado aos homens. A Sociedade Brasileira de Urologia estima ainda que, ao longo da vida, 50% a 80% das mulheres irão desenvolver algum tipo de infecção no trato urinário. A doença é considerada uma condição comum, mas, quando se torna recorrente, pode virar um problema sério. Nos ambulatórios, o número de casos de infecção é alto e perde somente para as questões pulmonares.

Segundo o médico urologista Carlos Vaz, 20% a 50% das mulheres que sofrem com a infecção urinária desenvolvem um quadro crônico da doença. “A maioria das mulheres que atendo no consultório possuem infecção urinária de repetição, ou seja, quando há casos da doença em um curto período. Em geral, consideramos como um quadro de repetição quando a mulher apresenta 2 ou mais episódios da doença em 6 meses ou 3 casos ou mais no prazo de um ano”.

A infecção urinária, como o próprio nome diz, é caracterizada por uma infecção no trato urinário que pode acometer qualquer um dos órgãos do sistema urinário: os rins, a bexiga e a uretra. A doença atinge mais mulheres devido a uma questão anatômica, pois o canal da uretra feminina é mais curto que o masculino, favorecendo a proliferação de bactérias e o desenvolvimento da doença na bexiga, por exemplo.

É comum, ainda, que os casos de infecção cresçam no verão. Segundo Carlos, esse aumento pode chegar a 30% durante a estação. O motivo, na maioria das vezes, é a desidratação. Com a concentração da urina por causa da falta de ingestão de água, a infecção se aloja mais facilmente. O médico ainda explica que outras condições típicas da época aumentam os casos de infecções. “Durante esse período do ano é comum que as mulheres passem mais tempo com biquínis e roupas íntimas úmidas, o que acaba favorecendo o crescimento de bactérias na região. Além disso, um fato curioso é que até mesmo a depilação pode contribuir para a estatística, já que nesse período é comum que as mulheres se depilem completamente, o que deixa a região mais desprotegida”, completa.

SINTOMAS E TRATAMENTO

Os sintomas da infecção urinária de repetição são os mesmos dos casos de infecção urinária isolada. O que diferencia o quadro é o tempo até que novos episódios da doença voltem a acontecer. Os sintomas mais comuns que ajudam na identificação da infecção urinária da bexiga, também conhecida como cistite, são: dor constante na região abdominal, dor ao urinar, idas frequentes ao banheiro com baixo volume de urina e/ou com cheiro forte e odor.

O urologista Carlos Vaz faz um alerta sobre quando os casos mais graves da doença se manifestam. “Quando a infecção atinge o rim, e não somente a bexiga, os sintomas acabam sendo diferentes e o tratamento mais delicado. Nesses casos, é comum que o paciente apresente também febre, náuseas, vômito e calafrios. Quando a infecção afeta os rins a chamamos de pielonefrite, um quadro mais grave que a cistite, que é o tipo de infecção que atinge somente a bexiga. A cistite representa a maioria dos casos de infecção urinária no consultório”.

Nos casos em que a infecção é diagnosticada como de repetição, o tratamento mais comum é feito com o uso de antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos. Além dos fármacos, para evitar uma cistite de repetição, é necessário que o paciente adquira novos hábitos, como: beber muito líquido, evitar roupas íntimas apertadas e úmidas (que acabam contribuindo para a proliferação de bactérias), ter uma boa higiene pessoal e não segurar a urina por um longo período.

O médico indicado para avaliação e tratamento dos pacientes com infecção urinária de repetição (sejam mulheres ou homens) é o urologista. Através do exame de urina e da análise dos hábitos do paciente, o médico prescreverá o tratamento adequado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *