A resposta é: depende.

Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 38,6% dos bebês brasileiros são amamentados exclusivamente no peito, até os seis meses de idade, o que pode aumentar a chance de problemas dentários futuros. A cárie, hoje, é encarada como um problema de saúde pública e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 60% das crianças em todo o mundo sofrem com isso.

“A amamentação não é um fator determinante para a ocorrência de cáries no entanto, a forma como o aleitamento é realizado pode influenciar na incidência de cáries logo que os primeiro dentes comecem a aparecer.”- a informação é da dra. Karin Stamer, odontologista.

Ela explica que, não é a amamentação que causa cárie mas, a falta de cuidados com a higiene bucal da criança desde os seus primeiros dias de vida – “Depois de mamar o bebê fica com resíduos de leite materno na língua, dentes e gengiva, que interagem com bactérias que vivem dentro da boca do bebê, o resultado dessa fermentação faz com que tenhamos o ambiente ideal para a sobrevivência do “bichinho” da cárie.”. Ela lembra, que, quando adultos, estamos sujeitos ao mesmo risco quando nos alimentamos e não escovamos os dentes. Dra. Stamer faz questão de ressaltar que – “a amamentação ajuda no desenvolvimento e crescimento adequado de toda a face do bebê e estimula a produção de saliva que contém enzimas protetoras”.

O segredo no combate às cáries são os bons hábitos ligados a saúde bucal. Esses hábitos, destaca a dra. Stamer, são fundamentais desde a primeira mamada, muito antes do surgimento dos primeiros dentes. – “A partir do nascimento, deve-se limpar a boca do bebê com uma gaze ou fralda umedecida em água filtrada ou usar uma escova bem molinha de silicone que a mãe “veste” no dedo, uma vez ao dia, e após o surgimento dos primeiros dentinhos, a escovação deve ser iniciada com uma escova de cerdas macias e sem pasta de dente ou com pasta de dente sem flúor”, afirma a Dra. Karin Stamer.

A introdução da pasta de dente que contenha flúor depende de fatores como do tipo de dieta da criança, da frequência e qualidade da higiene bucal. De maneira geral, a introdução da pasta fluoretada ocorre somente à partir dos 2 anos de idade, em quantidade equivalente à um grão de arroz. Antes dessa idade, o bebê não deveria consumir alimentos industrializados e nenhum tipo de “guloseimas”. Essa introdução deve ser sempre supervisionada pelo dentista. À partir dos 6 anos de idade, a quantidade de pasta fluoretada utilizada pode ser aumentada para o equivalente a um grão de ervilha. A escovação deve ser complementada pelos pais ou responsáveis até os 10 anos de vida e supervisionada dos 10 aos 12 anos, sendo que somente à partir dessa idade o adolescente estaria apto para realizar a escovação independente de forma eficiente, já que estará com a coordenação motora fina totalmente formada nesta idade.

Além disso, a odontologista destaca que a amamentação no peito pode trazer inúmeros benefícios para a saúde bucal dos bebês, como o estímulo à musculatura orofacial, a prevenção de problemas respiratórios e a formação de um palato mais amplo e bem desenvolvido.

“A amamentação no peito é uma das melhores formas de promover a saúde bucal do bebê, desde que acompanhada de uma boa higiene bucal. É importante que as mães estejam atentas aos sinais de cáries, como manchas brancas ou escuras nos dentes e procurem um odontopediatra para avaliação e tratamento”, recomenda a Dra. Stamer.

É importante ressaltar que a cárie em bebês pode ser um problema grave e levar à perda prematura dos dentes de leite, afetando a mastigação, a fala e a autoestima da criança. Por isso, é fundamental que os pais levem os filhos ao dentista regularmente, desde cedo, para avaliar a saúde bucal e prevenir problemas.

Em resumo, o leite materno em si não causa cáries nos dentes dos bebês, mas o acúmulo de leite na boca pode favorecer o crescimento de bactérias que danificam o esmalte dentário. Por isso, é importante cuidar da higiene bucal dos bebês desde cedo e levá-los ao dentista regularmente para prevenir problemas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *