Uma abertura da pele bem na área de cirurgia, mais conhecida como “pontos abertos”. Essa é a forma mais simples de definir a deiscência cirúrgica, complicação que pode ocorrer após uma cirurgia, em especial no abdômen. Além de doloroso, o problema prolonga o tempo de recuperação do paciente e exige cuidados importantes na região afetada.
“A deiscência cirúrgica pode causar dor intensa, infecções e atrasos no processo de cicatrização. Por isso é muito importante que o paciente e a equipe de saúde estejam atentos aos cuidados com a pele logo após a cirurgia e, também, depois”, explica o enfermeiro, Antônio Rangel.
Obesidade, hipertensão arterial e diabetes são algumas das condições que aumentam o risco de deiscência cirúrgica. O sobrepeso e a obesidade são fatores que contribuem também para o desenvolvimento de infecções em caso de abertura dos pontos, o que exige extremo cuidado.
Um artigo publicado pela Revista Hupe (Hospital Universitário Pedro Ernesto), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), avaliou casos em duas unidades de internação de cirurgia geral de um hospital universitário de grande porte, em 2013. A conclusão alerta para a falta de um protocolo padrão de cuidados frente à abertura dos pontos.
Ficou evidenciado no estudo, pelas anotações de médicos e enfermeiros, não haver uniformidade de condutas e cuidados. “O que nos remete à reflexão sobre a segurança na assistência ao paciente”, diz o texto.
A ausência ou pouca divulgação de protocolos institucionais para feridas cirúrgicas em hospitais e unidades de saúde pode levar a complicações mais graves, como infecções generalizadas.
“É essencial que os pacientes sigam as orientações médicas pós-operatórias para minimizar o risco de complicações. Por isso, claro, é essencial também, sempre que possível, contar com um cirurgião qualificado”, alerta Rangel.
O risco maior de deiscência acontece nas primeiras duas semanas após a cirurgia. Entre as principais causas está o aumento da pressão na região da operação, seja por esforço físico, tosse frequente ou mesmo devido à obesidade. Quando ocorre, gera inchaço e calor na região, presença de pus e dor.
A evisceração é uma das complicações mais preocupantes quando se abrem os pontos. Trata-se da projeção de vísceras para fora da cavidade abdominal, ampliando ainda mais os riscos de infecção generalizada.
Cuidados necessários
Existe uma ampla gama de produtos capazes de acelerar o processo de cicatrização e reduzir o risco de complicações em casos de deiscência cirúrgica. Entre eles está a Membracel, uma membrana regeneradora produzida a partir de celulose bacteriana.
Esse curativo biológico é muito utilizado para ajudar na cicatrização de feridas crônicas ou complexas. “Usamos em lesões cutâneas de difícil cicatrização – caso da deiscência cirúrgica – assim como em úlceras de pressão, feridas de pé diabético e queimaduras”, descreve Rangel.
A membrana é colocada diretamente sobre a ferida cirúrgica, permitindo que as células do paciente cresçam e se regenerem. Além de não necessitar de trocas diárias, sua aplicação é simples e não invasiva, o que torna o processo de tratamento menos doloroso e mais confortável.
“A Membracel auxilia na promoção do tecido de granulação, que é a base para a cicatrização. Por ser um curativo higroscópico, mantém o leito da ferida úmido, diminuindo riscos de necrose e possibilitando a limpeza da lesão diariamente sobre a membrana”, detalha o enfermeiro.
Além disso, o curativo biológico também pode ajudar a minimizar a formação de cicatrizes hipertróficas ou queloides, reduzindo a probabilidade de complicações estéticas.
“Felizmente, com o tratamento adequado e o uso de produtos inovadores, é perfeitamente possível se recuperar completamente da complicação e retomar à rotina normal”, comenta Rangel.
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