Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SDB) revelam que pelo menos 205 mil brasileiros receberam o diagnóstico de câncer de pele nos últimos oito anos. O tipo não melanoma, que surge na superfície da pele, é um dos mais incidentes, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Entre os principais fatores de risco da doença estão o histórico familiar, pessoas de pele e olhos claros e o excesso de exposição solar sem proteção adequada. Segundo a entidade, os estados brasileiros que mais notificaram casos de câncer de pele, entre 2013 e 2021, estão concentrados na região Sul e Sudeste, em especial São Paulo e Paraná. Porém, apesar da incidência ser maior nesses locais, a região Norte também merece atenção.
“Rondônia, por exemplo, está posicionada próxima à linha do Equador, onde ocorre maior radiação solar. Isso aumenta a predisposição da população ao câncer de pele não melanoma, já que a exposição ao sol é o principal fator de risco da doença”, explica Juan Carlos Boado, médico. “Apesar da população local ser predominantemente parda, temos muitos imigrantes de outras regiões, com pele mais clara, tipo mais propenso para desenvolvimento da doença e que demanda reforço nos cuidados”, acrescenta o médico.
As radiações solares são ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com determinada velocidade, sendo classificadas como ionizantes ou não ionizantes. A radiação ultravioleta (UV) é do tipo não ionizante e possui menor frequência, sendo a principal onda relacionada ao câncer de pele devido à exposição crônica.
“Isso significa que a radiação solar possui efeito acumulativo, ou seja, ao longo do tempo, quanto mais frequente é a exposição sem mecanismos de proteção, maior a possibilidade dos raios UV penetrarem nas camadas profundas da pele e afetarem o tecido e vasos sanguíneos, surgindo manchas na pele, envelhecimento precoce e tumores malignos”, alerta o profissional.
Pertencente à entidade filantrópica Pró-Saúde, a unidade é referência, por meio do Sistema único de Saúde (SUS), para mais de 50 aldeias indígenas da região. Atuando de forma preventiva, o Bom Pastor realiza periodicamente palestras sobre câncer de pele com colaboradores e pacientes, a fim de auxiliar na detecção precoce e encaminhamento dos casos para investigação e tratamento em unidade de referência na capital do Estado.
“Neste período de férias de fim de ano, em que as pessoas costumam frequentar rios, praias e piscinas, a tendência é o corpo ficar mais exposto ao sol. Por isso, os cuidados devem ser redobrados”, enfatiza o médico. “É possível observar recentemente um aumento de casos de melanoma maligno, o que ressalta a necessidade de falarmos sobre a prevenção do câncer de pele”, complementa Juan. O alerta acontece no mês da campanha nacional “Dezembro Laranja”, organizada pela SBD, que busca promover a conscientização sobre os riscos da doença e reforçar as orientações sobre cuidados adequados.
Atenção aos sinais e sintomas
Por ser menos agressivo e ter alto índice de cura, a atenção aos sintomas é o ponto de partida ideal para identificar mudanças na pele e realizar o diagnóstico precocemente. Geralmente, o câncer de pele não melanoma se manifesta através de lesões vermelhas que formam ‘cascas’, feridas que não cicatrizam ou que apresentam dificuldade no processo de cicatrização, ou tumores róseos e pequenos. Além destes sintomas, existem outros que merecem atenção como:
· Pintas pretas ou castanhas que mudam de cor, textura, tamanho e tornam-se irregulares nas bordas;
· Manchas ou feridas que não cicatrizam e continuam crescendo, apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento;
· Nódulos na pele;
· Inchaço nos gânglios linfáticos (região do pescoço, axila e virilha);
· Falta de ar ou tosse;
· Dores abdominais e dores de cabeça.
Outras características servem de alerta, como assimetria, bordas irregulares, mais de dois tons e crescimento ao longo do tempo. “Ao identificar qualquer alteração na pele, é muito importante buscar atendimento médico”, orienta Juan.
Formas de prevenção
De acordo com análise da SDB, cerca de quatro mil brasileiros morrem a cada ano devido à doença. “As medidas preventivas são importantes pois o diagnóstico precoce, em estágios iniciais, possibilita 90% de chances de cura”, explica o especialista.
Evitar a exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação UV são as melhores formas de prevenção aos tipos de câncer cutâneo. Pessoas que possuem antecedentes familiares com histórico de câncer de pele, queimaduras solares e muitas pintas devem ter atenção redobrada aos seguintes cuidados:
· Procure um médico dermatologista ao identificar sinais e sintomas na pele;
· Uso de protetor solar com FPS mínimo de 30;
· Use filtros solares diariamente, aplicando o produto pela manhã e antes do horário de almoço;
· Evite a exposição solar entre 10 e 16 horas;
· Evite bronzeamento artificial;
· Mantenha o sistema imunológico forte;
· Na praia ou na piscina, use barracas de algodão ou lona que absorvem 50% da radiação ultravioleta;
· Use chapéus de abas largas, óculos escuros e camisetas;
· Proteja bebês e crianças do sol, o protetor pode ser usado a partir dos seis meses.
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