A neuromielite óptica (NMO) é uma doença autoimune rara e grave em que as células de defesa do corpo começam a atacar o nervo óptico, a medula espinhal e o tronco cerebral. A idade média de aparecimento da doença costuma ser aos 40 anos, mas a NMO pode atingir pessoas entre 2 e 85 anos. As mulheres podem ser nove vezes mais propensas a serem afetadas que os homens e a prevalência é 2 a 3 vezes maior nas populações negras e asiáticas.
Quando não detectada e tratada corretamente, a NMO pode causar cegueira permanente, fraqueza muscular, paralisia, depressão, uso de cadeira de rodas e morte. “Trata-se de uma condição altamente debilitante. Logo, aumentar o conhecimento sobre a NMO e seus sintomas é de grande importância, já que pode reduzir tempo de diagnóstico e de início do tratamento multidisciplinar, garantindo mais qualidade de vida para o paciente”, explica o neurologista, especializado em neuroimunologia, Dr. Felipe Von Glehn.
Estar atento aos principais sinais da NMO é fundamental para se ter um diagnóstico precoce e evitar as graves consequências da doença. Perda temporária de visão, dor nos olhos, sensações alteradas com sensibilidade à temperatura, dormência e formigamento, membros fracos e pesados são sintomas que podem ser ocasionados pela condição. Vômitos e soluços intratáveis que duram mais de 48h sem causa gástrica também podem ser sinais de NMO, além de alguns sintomas invisíveis como fadiga e dor crônica.
Procurar um neurologista ou oftalmologista assim que os primeiros sinais se manifestarem é essencial, principalmente para evitar o reaparecimento dos surtos, presentes nos indivíduos com a condição. “O diagnóstico da NMO é baseado no histórico do paciente, avaliação clínica e identificação das descobertas de características físicas. O teste AQP4-IgG, um exame de sangue simples, usado para detectar anticorpos que são específicos para AQP4, é capaz de diagnosticar até 80% dos pacientes. Atualmente, o teste não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), mas já foi aprovado para incorporação pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e está disponível no sistema privado de saúde desde 2018”, diz o especialista.
A percepção do paciente sobre o que está acontecendo com o seu corpo é de suma importância para um diagnóstico precoce, assim como a conscientização médica e de outros profissionais da saúde para que estejam capacitados a fazer os encaminhamentos adequados.
Para a fundadora e coordenadora da NMO Brasil, Daniele Americano, que desde 2012 convive com a doença, é preciso ampliar o conhecimento da NMO para poder facilitar o diagnóstico e o convívio desses pacientes em sociedade, bem como cobrar políticas públicas. “O indivíduo precisa perceber as mudanças do seu corpo para poder ter protagonismo de sua própria condição. Tão importante quanto é a necessidade de se ter uma troca entre médico e paciente para que todas as dúvidas sejam sanadas e os sintomas compreendidos”, conclui.
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