A taxa de fecundidade geral no Brasil é de 1,7 filhos por mulher, um dado considerado baixo, levando em conta que a média mundial é de 2,5, de acordo com o relatório da Situação da População Mundial do Fundo de População da ONU.

São vários motivos que levam a esses números no país, como por exemplo, a maior quantidade de informações a respeito da prevenção a gravidez, a inserção cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho que acabou fazendo com que elas adiassem a maternidade e outro fator muito importante: a dificuldade de engravidar utilizando métodos naturais.

Com o avanço tecnológico dos últimos anos, a ciência se aperfeiçoou e atualmente existem várias técnicas de reprodução assistida que colaboram casais que possuem problemas de infertilidade possam chegar à uma gestação. Um dos tratamentos é chamado de coito programado, que também é conhecido como relação sexual programada (RSP).

O que é coito programado?

“Uma das técnicas de reprodução assistida, o coito programado é baseado no acompanhamento do ciclo menstrual feminino para se determinar o período fértil da mulher. Além disso, podem-se usar medicamentos indutores de ovulação, para aumentar as chances de sucesso. Desta forma, é possível saber qual o momento mais propício para a gravidez acontecer”, explica o Dr. Nilo Frantz, especialista em Reprodução Humana.

De acordo com Frantz, o tratamento otimiza o encontro do espermatozóide com o óvulo dentro do organismo da mulher, o que ocasiona em um aumento das chances de fecundação.

Para saber qual o estado do sistema reprodutivo do casal, são necessários diversos exames como os laboratoriais, hormonais, avaliação de reserva ovariana, espermograma e entre outros para avaliar se pode ou não existir algum outro tipo de problema que possa estar prejudicando uma futura gestação.

“O processo é monitorado com exames de ultrassonografia transvaginal, a cada 2 ou 3 dias, o que permite acompanhar a ovulação. Desta forma, o médico pode orientar o casal quando as relações sexuais devem ocorrer”, afirma o especialista.

Indicação

O especialista afirma que a técnica é indicada para casos leves de infertilidade como a anovulação, que é a ausência de ovulação geralmente acompanhada pela irregularidade menstrual. Este problema é bastante comum em mulheres que possuem a Síndrome dos Ovários Policísticos.

“O coito programado é sugerido para mulheres de até 35 anos, que não apresentam problemas nas tubas uterinas e no útero, situação avaliada pela histerossalpingografia. Por outro lado, para que o coito programado funcione é necessário também que o homem apresenta um espermograma com resultados normais ou discretas alterações. Além disso, é importante que o casal tenha avaliações hormonais consideradas saudáveis”, explica.

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Como funciona?

O tratamento pode acontecer em um ciclo natural da mulher e também em um ciclo estimulado com os medicamentos indicados que auxiliarão na indução da ovulação.

Sendo assim, são utilizados hormônios orais ou injetáveis, no estímulo do crescimento do folículo ovariano (no máximo três ovócitos), que levará à liberação de novos óvulos no ciclo. Exames de ultrassom mostrarão qual será o período mais propício para que sejam feitas as relações sexuais que possam aumentar a chance da gestação.

“De maneira geral, é possível realizar até três coitos programados seguidos, e a média de sucesso é de 15% a 20% por tentativa”, explica Frantz.

Pelo fato de estimular os folículos, as chances de uma gravidez gemelar sobem em 10% durante o tratamento e ainda em outros casos, pode causas uma síndrome do hiperestímulo ovariano (SHO).

Algumas situações como doenças, idade da mulher, tempo de infertilidade, podem interferir na eficácia do tratamento. Sendo necessário, caso a gravidez não aconteça, avaliar a possibilidade de outros tratamentos de reprodução assistida, como a Inseminação Artificial ou a Fertilização In Vitro.

Quanto tempo dura?

O tratamento é realizado em etapas e dura em torno de 15 dias. “No caso dos remédios orais, a ingestão acontece geralmente por 5 dias consecutivos, enquanto para os injetáveis pode variar de 8 a 12 dias”, afirma o especialista.

Segundo Frantz, após o período de ovulação, o casal deve esperar 15 dias para realizar o teste de gravidez. Pode-se considerar que cada tentativa de coito programado leva em torno de um mês. Caso não seja efetivada na primeira tentativa, é recomendada que sejam feitas mais duas vezes, o que fará com que o tratamento tenha uma duração máxima de 90 dias.

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