Por conta da pandemia e escolas fechadas, as pessoas estão ficando mais tempo em casa, o que aumenta o risco de intoxicação por medicamentos e outros produtos químicos, principalmente nas crianças. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), cerca de 60% dos pacientes atendidos com intoxicação são crianças entre um e quatro anos de idade.
Com base em um estudo divulgado em 2018 pela SBP, todos os dias, cerca de 37 crianças e adolescentes (com idades de zero a 19 anos) sofrem os efeitos da intoxicação pela exposição inadequada a medicamentos. De acordo com informações do Sistema Nacional de Informações Toxico-farmacológicas (Sinitox), ao longo de 18 anos foram mais de 245 mil casos de intoxicação atingindo essa faixa etária, com o registro de 240 mortes.
Embora ainda não tenha dados precisos, o Núcleo de Segurança do Paciente da Pronep identificou um aumento no número de eventos de intoxicação por produtos químicos e os pediatras alertaram para o crescimento de ocorrências no atendimento nas emergências dos hospitais por intoxicação com medicamentos.
Para ajudar na prevenção destes acidentes domésticos, a pediatra Marcia Vlasman e a farmacêutica Patricia Campos lisaram algumas informações e orientações. Confira:
1. Boa parte das intoxicações acontecem muitas vezes por desatenção dos adultos, que deixam um remédio ao alcance das crianças. Por isso, sempre é recomendável guardar os medicamentos em armários com portas, de preferência fora da vista dos pequenos. A dica vale para também para quem tem animais em casa, como cães e gatos.
2. Evite manipular ou tomar o medicamento na presença de crianças, pois elas tendem a repetir os padrões dos adultos e ingerir os remédios por acidente.
3. Quando houver mais de uma criança na casa, separe a que precisa do medicamento na hora de ministrar a dose para evitar que as outras fiquem com vontade de experimentar quando nenhum adulto estiver olhando.
4. Guarde os medicamentos de adulto e crianças em locais separados para evitar confusão na administração. As apresentações pediátricas e de adulto muitas vezes possuem apresentações diferentes.
5. Anote data, hora e o que está tomando para ajudar a evitar esquecimentos, superdosagem ou a troca. Separar remédios de cada uma das pessoas em prateleiras ou caixas diferentes também ajuda a evitar as trocas acidentais.
6. Não diga que o remédio é “docinho” ou “gostoso” para convencer a criança a tomar. Isto pode estimulá-la a querer tomar uma dose maior, ou ingerir o medicamento por conta própria.
7. Não dê frascos de comprimidos para as crianças brincarem, mesmo que estejam vazios. Elas podem conseguir abrir e tomar os comprimidos que podem ser confundidos facilmente com doces e guloseimas.
8. Ao administrar medicamentos líquidos utilize sempre os dosadores. Nunca ofereça diretamente do frasco para a boca da criança. Isso aumenta o risco de superdosagem por gotas que podem cair em excesso ou pela criança sugar mais do que deveria. Não substitua copos medidores por colheres de chá ou café.
9. Mesmo os medicamentos mais comuns na rotina doméstica, como antitérmicos e descongestionantes nasais oferecem risco, podendo levar a queda de pressão arterial, hipotermia e até arritmia cardíaca em crianças.
10. Algumas doenças crônicas são tratadas, principalmente em crianças mais novas, com medicamentos que não possuem doses pediátricas. Nestes casos, converse com o seu médico sobre apresentações manipuladas. O ajuste de apresentações de adultos para uso em crianças pode oferecer riscos quando feito sem os cuidados e conhecimentos necessários.
11. Atenção aos produtos de limpeza. Não reaproveite as embalagens e nem retire os rótulos. Alguns materiais como álcool, água sanitária, detergente, desinfetante e sabão, por exemplo, se parecem muito com alimentos e alguém, especialmente as crianças, pode ingerir acidentalmente. Lembrando que, a maioria das pessoas coloca os produtos de limpeza no chão, ou locais mais baixos, o que facilita o acesso dos pequenos.
Em caso de intoxicação
1. Em caso de intoxicação acidental por medicamentos ou produtos químicos, a pessoa deve ligar imediatamente para o SAMU (192), ou para Disque-Intoxicação (0800-722-6001), canal de comunicação criado em 2005 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Alguns fabricantes ainda disponibilizam telefones de emergência nas embalagens dos produtos.
2. Os primeiros socorros incluem também afastar a vítima do agente tóxico e, caso esteja em contato com a pele, lavar com água corrente. Manter a vítima deitada em posição lateral, caso perca a consciência.
3. Busque informações na embalagem do produto sobre o que fazer em caso de ingestão acidental ou intoxicação.
4. Evite dar líquidos para a pessoa intoxicada beber, ou provocar vômitos, principalmente se não souber o que foi ingerido. Se a substância for ácida ou corrosiva, pode piorar os efeitos no trato digestivo.
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