Dos diversos problemas que podem acometer o sistema reprodutor feminino, grande parte pode ser tratada com o uso de medicamentos. Contudo, em alguns casos mais específicos, faz-se necessário a realização de uma cirurgia para tratamento da patologia.

A cirurgia é um tratamento médico que necessita de intervenção manual ou instrumental. Quando esse procedimento envolve os órgãos do sistema reprodutor feminino, como o útero e os ovários, dizemos que ela é uma cirurgia ginecológica.

Conversamos com o Dr. Thiers Soares, cirurgião especialista em algumas categorias, como cirurgia robótica e videolaparoscopia que explicou como são realizados os procedimentos e outras dúvidas.

1. O que são cirurgias ginecológicas e quais as mais comuns?

Normalmente são as cirurgias pertinentes ao trato genital feminino, que contemplam vários tipos, como: 

  • Videolaparoscopia (possibilita a realização da maioria das cirurgias ginecológicas de acesso abdominal, com vantagens sobre a incisão no abdômen);
  • Histeroscopia cirúrgica (retirada do útero);
  • Miomectomia (retirada de miomas do útero);
  • Lise de sinéquias intrauterinas (liberação de aderências da cavidade uterina);
  • Septoplastia (ressecção de septo dentro do útero);
  • Polipectomia (retirada de pólipo endometrial);
  • Ablação ou redução endometrial (retirada da mucosa que reveste o útero internamente).

Além das cirurgias de mamas, que também entram como cirurgias importantes para o tratamento de saúde da mulher. 

2. Quais os dados referentes ao Brasil dos procedimentos?

Como cirurgião especialista em endometriose, miomas e adenomiose, posso te afirmar os dados das cirurgias mais comuns, ligadas a estas doenças no Brasil. 

Sobre os miomas – quase 50% das mulheres em idade fértil no Brasil, segundo os dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).  

De acordo com a Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo – SOGESP, pacientes com idades entre 20 a 50 anos têm 70% mais chances de terem miomas. Apesar disso, existem alguns fatores de risco que trazem o alerta e contribuem  para o surgimento da doença, como:

  • Histórico familiar de miomas
  • Início precoce da menstruação
  • Obesidade
  • Deficiência de Vitamina D
  • Dieta rica em carne vermelha
  • Consumo excessivo de álcool
  • Afrodescendência

Sobre endometriose – Segundo dados do Ministério da Saúde, uma a cada 10 mulheres entre 25 a 35 anos no Brasil sofre de endometriose, doença inflamatória do sistema reprodutor feminino, que acontece quando o endométrio, tecido que reveste o útero por dentro, se implanta em vários locais na cavidade abdominal, como ovário, intestino e bexiga.

Principais sintomas

Entre os principais sintomas da endometriose estão as cólicas fortes – as quais podem impedir a mulher de praticar atividades comuns, como trabalho e exercícios físicos – e as dores abdominais frequentes, que podem também ocorrer fora do período menstrual. Além desses, também são comuns:

  • Sangramento menstrual desregulado e intenso
  • Fadiga e Cansaço
  • Sangramento intestinal durante o período menstrual
  • Dores fortes durante relações sexuais
  • Dificuldade de engravidar

Sobre adenomiose: mais de 150 mil mulheres sofrem com a doença no Brasil e para tratamento total da condição, é necessário o procedimento de histerectomia, a retirada total do útero. 

3. Em quais casos específicos somente uma cirurgia ginecológica pode resolver o problema?

Casos de miomas avançados, endometriose profunda e adenomiose são tratados a partir da intervenção cirúrgica. 

4. As cirurgias são para procedimentos definitivos?  

As cirurgias só são definitivas nos casos específicos de retirada de órgãos, como a retirada do útero (realizado na histerectomia), no restante, tudo é evoluído caso a caso, dependendo do estado de saúde das pacientes e principalmente da evolução ao longo da vida sobre algumas doenças, como a endometriose, que pode retornar mesmo após a cirurgia de videolaparoscopia ou robótica. 

5. Quais os riscos de uma cirurgia ginecológica?

Atualmente, se tratando sobre cirurgias robóticas ou videolaparoscopias, os maiores riscos são apenas de fortes sangramentos durante o procedimento cirúrgico. 

6. Qual o custo de uma cirurgia ginecológica?

Os custos dependem de cada caso ginecológico. Muitas das cirurgias já são ofertadas pelo SUS e pelos convênios de saúde, mas tudo depende do caso das pacientes. Nos casos particulares, a precificação depende dos valores gastos com a equipe médica. 

7. Existe limite de idade?

Não existe um limite de idade, entretanto, normalmente os casos de cirurgias minimamente invasivas são dentro do período fértil feminino, entre 16 a 45 anos. 

8. Os procedimentos são invasivos? 

Os procedimentos de videolaparoscopia e robótica não são invasivos, são cirurgias com pequenas incisões no abdômen que permitem a manipulação das partes afetadas com mais precisão e principalmente, com mais facilidade, garantindo o sucesso da retirada das partes afetadas do corpo. 

9. Como se preparar para uma cirurgia?

O preparo para a cirurgia acontece após um acompanhamento médico, com o seu ginecologista. Ele te indicará alguns exames de imagem, como ultrassom pélvica e ressonância magnética. Após o diagnóstico de casos ou doenças, como endometriose, miomas e adenomiose, a paciente é encaminhada para o cirurgião para avaliação médica. Depois disso, são agendados os procedimentos cirúrgicos variando de caso a caso. 

10. Dependendo dos casos, quanto tempo em média demora o procedimento? 

Os procedimentos de videolaparoscopia e robótica demoram, em média, de 50min a 4h, dependendo dos casos e dos órgãos afetados. 

11. Há casos que necessitam de internação?

Todos os casos de cirurgias precisam de internação prévia, para bateria de exames e uma breve recuperação pós-cirúrgica. Normalmente, a paciente chega a ficar de 1 a 3 no hospital. Os casos mais comuns são para a retirada de miomas e para o tratamento de adenomiose, onde as pacientes passam o maior período dentro do hospital, mas não ultrapassam a margem dos 3 dias. 

12. Como funciona o pós-operatório?

Por serem cirurgias minimamente invasivas, realizadas com a menor intervenção (barriga aberta) possível, as pacientes podem retomar as suas rotinas em um curto período, algumas conseguem voltar às suas atividades normais em menos de 1 semana. 

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