Uma pesquisa recente publicada na revista científica Nature Communications, revelou que cientistas da Queen Mary University of London, encontraram uma nova técnica de inibir o crescimento de células cancerígenas do meduloblastoma – um tipo de câncer cerebral que acomete principalmente crianças.
De acordo com o estudo, um composto natural presente em animais e plantas identificado como hexafosfato de inositol (IP6), pode inibir o meduloblastoma (tumor cerebral de alto grau), e quando combinado com a quimioterapia, pode matar de fome as células tumorais cancerígenas e assim evitar o crescimento do tumor.
A pesquisa pré-clínica foi realizada a partir de amostras de tecidos humanos, linhagens de células humanas e camundongos nos estudos. Os estudiosos levaram em consideração como as células cancerígenas podem ou não se adaptar e controlar o próprio crescimento, um processo conhecido como epigenética.
Todas as nossas células conseguem ligar e desligar genes específicos para controlar o próprio crescimento. Em casos de câncer, o processo é alterado e é possível identificar uma superprodução de proteínas específicas que atuam a favor do crescimento do tumor.
O meduloblastoma ocorre em quatro subgrupos distintos (WNT, SHH, G3 e G4). Antes desse resultado, os cientistas já sabiam que uma proteína envolvida nesse processo (chamada de BMI1) está presente em níveis elevados em diversos tipos de câncer, incluindo no subgrupo G4 do meduloblastoma, sustentando seu crescimento.
As mudanças epigenéticas podem acelerar o desenvolvimento do meduloblastoma e do BMI1, e com os altos níveis desta substância, as células adaptam seu metabolismo e crescem de forma descontrolada. Contudo, os cientistas também tinham conhecimento que as células desse tipo de câncer possuem níveis baixos da proteína CHD7. A partir disso, acreditam que essa combinação é justamente a “assinatura” do desenvolvimento do meduloblastoma tipo G4.
O estudo mostra que com esses dados, a equipe de cientistas conseguiu então, reverter a situação usando o IP6 para controlar os altos níveis da proteína BMI1. Combinado ao uso da quimioterapia, houve um aumento na capacidade de matar as células tumorais em camundongos.
O estudo enfatiza ainda que o subgrupo G4 do meduloblastoma é o menos compreendido, porém considerado pela comunidade científica o mais comum e associado a mais mortes. Para tratar esse tipo de câncer, é realizado uma cirurgia acompanhada de quimioterapia e/ou radioterapia, mas mesmo assim, o prognóstico não é bom para os pacientes que têm a doença de forma recorrente
Se os resultados forem confirmados em ensaios clínicos em humanos, as crianças acometidas com meduloblastoma poderão ser tratadas no futuro.
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