Mesmo sendo um câncer pouco falado ou conhecido, o diagnóstico do câncer anal tem aumentado consideravelmente em todo o mundo nos últimos anos. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), tendo como base o Atlas de Mortalidade de 2019, o país registrou ao todo 893 casos, sendo 393 homens e 500 mulheres. 

O câncer anal ocorre no canal e nas bordas externas do ânus. Os tumores malignos surgem em tipos diferentes de tecidos, sendo o carcinoma epidermoide responsável por 85% dos casos. Ainda segundo o Inca, é um câncer raro e representa de 1 a 2% de todos os tumores colorretais.

Em geral, a doença acomete mais mulheres entre 50 e 60 anos, no entanto, alguns grupos de pessoas se tornam mais suscetíveis à doença, como as portadoras do vírus HIV do sexo masculino, por exemplo. Um estudo recente realizado no Brasil para rastrear lesões e câncer anal em homens com HIV confirmou essa premissa. Há um maior risco entre homens soropositivos que fazem sexo com outros homens sem proteção. Este é o terceiro tumor maligno mais comum entre os portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV).

Fatores de risco

Dentre os fatores de risco para o diagnóstico do câncer anal estão: 

  • Infecção pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV): A maioria dos cânceres de ânus espinocelulares parece estar associada à infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV);
  • Condiloma: Também conhecida como verrugas anais que são causadas pela infecção de determinados tipos de HPV;
  • Outros Tipos de Câncer: Câncer de colo do útero, câncer de vagina ou câncer de vulva estão associados a um grande risco de desenvolver câncer de ânus, possivelmente porque também são causados pelo HPV;
  • HIV: Os infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), são muito mais propensos a ter câncer de ânus;
  • Atividade Sexual: Ter múltiplos parceiros sexuais aumenta o risco de infecção por HIV e HPV;
  • Tabagismo: Fumar também aumenta o risco de câncer de ânus;
  • Baixa Imunidade: Pessoas com imunidade baixa estão mais propensas a terem a doença; 
  • Condições precárias de higiene e irritação crônica do ânus;
  • Infecções sexualmente transmissíveis (IST): Como condilomatose, gonorreia, herpes genital e clamídia. 

Sintomas

Os principais sintomas do câncer de ânus incluem: 

  • Alterações de hábitos intestinais;
  • sangramento anal vivo durante a evacuação, associado à dor na região do ânus;
  • coceira;
  • ardor;
  • secreções incomuns;
  • feridas na região anal;
  • incontinência fecal (impossibilidade para controlar a saída das fezes).

Prevenção

A utilização de preservativo durante as relações sexuais continua sendo a melhor forma de prevenção para o câncer. No entanto, algumas regiões do órgão genital podem conter o vírus, como saco escrotal e períneo, que não conseguem ser protegidas pelo objeto. Por isso, além do uso da camisinha, a recomendação é realizar periodicamente a anuscopia de alta resolução.

O exame vai poder detectar lesões que podem dar origem ao câncer de ânus ou um tumor que esteja em estágio inicial. Um diagnóstico precoce significa mais chances de cura para a doença. 

Atenção mulheres

As mulheres se mostram bem mais suscetíveis à doença do que homens. Além da infecção pelo HPV, HIV, sexo anal sem proteção, fatores como, ter vários parceiros ao mesmo tempo, uso prolongado de medicamentos corticosteroides, histórico de infecções sexualmente transmissíveis, podem acelerar a infecção. 

Mesmo não havendo ainda um consenso para explicar por que a doença acomete mais as mulheres, deve-se considerar a facilidade que elas possuem de adquirir infecção pelo HPV, bem como um maior cuidado por parte das mulheres, com a realização de exames periódicos em comparação aos homens. 

Tratamento

O tratamento vai depender do estado do tumor, que será identificado por meio de um diagnóstico. Essa identificação pode ser feita por meio de exame de toque, ou caso necessário, anuscopia e proctoscopia. Além disso, uma biópsia também pode ser realizada, bem como ressonância magnética. 

Após o diagnóstico, o tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, incluindo ainda radioterapia, quimioterapia ou uma combinação dessas opções  

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *