A pandemia do coronavírus que assusta o mundo e vem segurando boa parte da população em casa acabou ofuscando as ações do 02 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

A data foi instituída em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de dar visibilidade ao tema. Para informar a população, reduzir a discriminação e o preconceito, ações passaram a ser difundidas por todo o mês de abril, criando-se assim o Abril Azul.

Mas o que é, afinal, o autismo?

O autismo é um transtorno de desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge 1 em cada 160 crianças no mundo. Estima-se que no Brasil existam cerca de 2 milhões de autistas. O diagnóstico ocorre geralmente entre os 2 anos e meio e 3 anos de idade.

O psicanalista pesquisador Fabiano Abreu, destaca que “o número de autistas é bem maior do que podemos imaginar. Um autista é uma pessoa com transtornos no desenvolvimento do cérebro, mais conhecido como TEA (Transtornos de Espectro Autista). Levando em consideração que no grau evolutivo ninguém é igual a ninguém então, o autista pode não ser tão diferente assim de uma pessoa que se diga normal já que não há um padrão normal. O grau de autismo varia e pode ser difícil a sua identificação algumas vezes.”.

Deve-se identificar a diferença entre os diferentes graus de autismo e as suas nuances específicas, e que o desconhecimento e a falta de informação podem dificultar na ajuda.

“Devemos observar as crianças e os seus comportamentos; eu sempre digo que temos que ver o lado bom de tudo na vida. Uma criança autista pode ter habilidades únicas e se a ajudarmos a desenvolvê-las, podem tornar-se grandes profissionais. Sinais como falta de interesse em se relacionar com pessoas, ausência do contato visual a que chamo de desfoque, atenção exagerada a objetos, ou incômodo com toque, sons e textura de alimentos são os traços mais comuns. No entanto tudo depende do grau de autismo que pode ser avaliado como leve, médio e grave.”

Existe um tratamento específico?

Não há remédio para o autismo, portanto, se faz necessário uma terapia e geralmente em grupo para estimular a socialização. É bom que o autista seja acompanhado desde cedo para que possa ter uma vida normal quando adulto, principalmente ao nível profissional. Trabalham-se as relações afetivas, atividades motoras, aprimora-se a comunicação e o incentivo a realizar atividades diferentes. Muitas vezes os pais não conseguem ensinar devido à questão emocional que naturalmente interfere. Tudo deve ser feito de acordo com o tipo de autismo e o grau que ele representa para que o mesmo possa ter uma vida funcional e laboral satisfatória. Que trabalhe desde cedo a conquista de autonomia e independência.


Fabiano de Abreu é psicanalista pesquisador e membro da Mensa, associação de pessoas mais inteligentes do mundo com sede na Inglaterra. Especialista em estudos da mente humana, é membro e sócio da CPAH – Centro de Pesquisas e Análises Heráclito, com sede em Portugal e unidades no Brasil e na Holanda.

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