Por mais que a maioria dos fetos não apresentem problemas durante a fase de pré-natal, uma constante preocupação dos pais é a de que possa desenvolver algumas doenças ainda no útero. Realmente, as chamadas malformações congênitas são alterações capazes de acometer o feto de formas variadas e em órgãos distintos.
De acordo com o ginecologista e obstetra Dr. Renato Augusto Moreira de Sá, os problemas podem ir desde um defeito do tubo neural até alguma intercorrência. Um exemplo disso é a síndrome da banda amniótica, condição rara na qual pedaços de um tecido semelhante a bolsa amniótica se enrolam nos braços, pernas ou outros locais do corpo do feto, durante a gestação.
Esse distúrbio, também denominado síndrome das bridas amnióticas, provoca falta de irrigação de sangue, abrindo a possibilidade de o bebê nascer com malformações ou com falta de dedos e até sem membros completos. “Há episódios em que o feto está relativamente bem formado, mas fica bastante tempo sem líquido amniótico, o que prejudica o desenvolvimento do pulmão. É uma sequela que ocorre no útero, mas causará consequências na vida pós-natal”.
Ainda é possível que haja malformação do sistema nervoso central, das partes cardiovascular e gastrointestinal, entre outras. Podem ser consequências tanto de remédios ingeridos na gestação, quanto da falta da utilização de alguma substância.
Aqui é importante registrar que a ingestão de ácido fólico no início da gestação é importante para a formação neural. O diagnóstico pode ser feito tanto durante o pré-natal, quanto no pós. Caso esteja associada a uma deformidade física, é possível que a ultrassonografia consiga detectar, o que permitirá que a gestante seja encaminhada para outros exames.
Já as malformações relacionadas às funções são mais complicadas de diagnosticar antes do nascimento. Doenças no fígado ou problemas no metabolismo, por exemplo, só podem ser identificados no pós-natal.
No entanto, se forem descobertas ainda no pré-natal, existem alguns tratamentos de bons resultados. “Se for uma malformação como o defeito do tubo neural, um caminho é a cirurgia fetal. Outras não têm como ser corrigidas antes do nascimento e a abordagem é pós-natal. Dependendo da época, podemos buscar interferir e ter sucesso. Também há situações em que o diagnóstico é tardio e o bebê já pode ter ficado com a deformidade”.
Apesar disso, é absolutamente viável a mãe prevenir eventuais malformações e ter uma gravidez tranquila. O indicado é que seja feita, se possível, uma consulta pré-concepcional, para o rastreamento dos fatores de risco antes de a mulher engravidar.
É essencial ainda que a gestante esteja em dia com as vacinas, principalmente a da rubéola, já que a doença pode causar infecção e até cegueira. Em episódios de gravidez não planejada, é recomendável o acompanhamento pré-natal o quanto antes, para o diagnóstico e tratamento precoce, se houver evidência de problemas.
Dr. Renato Augusto Moreira de Sá é ginecologista, obstetra e presidente da Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
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