Recentemente vimos movimentos nas redes sociais que relacionam o uso da pílula anticoncepcional com o surgimento de alguns problemas de saúde. No entanto, é muito importante que as mulheres conheçam os benefícios e os reais riscos do método contraceptivo mais utilizado no mundo.

Para isso, a campanha #VamosDecidirJuntos convidou o médico ginecologista Dr. César E. Fernandes, para esclarecer os mitos e verdades das pílulas anticoncepcionais.

Pílula anticoncepcional tem outros benefícios além do planejamento familiar

Verdade. Com o passar dos anos, médicos e cientistas perceberam benefícios para a saúde da mulher, relacionados ao uso da pílula, que iam além do planejamento familiar. Após a realização de estudo de comprovação, o medicamento passou a ser utilizado também no tratamento de sintomas como cólicas menstruais, sangramentos irregulares, TPM, acne, aumento de pelos (hirsutismo) e mesmo como tratamento para algumas doenças, a exemplo da endometriose e da síndrome dos ovários policísticos. Estudos científicos indicam que a pílula anticoncepcional pode reduzir também a incidência das doenças benignas da mama, da artrite reumatoide, da doença inflamatória pélvica (DIP), da anemia por deficiência de ferro e mesmo do câncer de ovário e do endométrio.

Pílula causa infertilidade no longo prazo

Mito. O contraceptivo tem como objetivo impedir que os folículos ovarianos – que armazenam as células reprodutivas femininas – se desenvolvam e liberem o óvulo, impedindo, por meio deste mecanismo, a gravidez. Assim que o uso do medicamento for interrompido, o sistema reprodutor da mulher voltará a funcionar normalmente. Em casos de infertilidade conjugal, o casal deverá ser avaliado para esclarecer as reais causas subjacentes que dificultam ou impedem a gravidez.

A pílula anticoncepcional é segura?

Verdade. Sim, a pílula anticoncepcional é um medicamento seguro e apresenta 99% de eficácia na prevenção da gravidez, além de oferecer benefícios adicionais à mulher. No entanto, é importante ressaltar que a pílula deve ser indicada pelo médico ginecologista, que avaliará o tratamento mais adequado para cada perfil de mulher. O medicamento possui em sua composição o hormônio estrogênio, que interfere nos mecanismos de coagulação sanguínea, contribuindo para que algumas usuárias tenham trombose. No entanto, é importante reforçar que os riscos de uma mulher ter trombose aumentam muito mais com a gravidez do que com o uso do contraceptivo hormonal, por exemplo. Estudos mostram que os riscos de uma mulher ter trombose tomando pílula anticoncepcional é de 8, considerando um universo de 10 mil mulheres no intervalo de um ano. Já na gravidez, no mesmo intervalo de tempo, esse número passa a ser de 30 no universo de 10 mil mulheres. “Por isso, é muito importante que as mulheres visitem um ginecologista de confiança, para que, juntos, definam o método contraceptivo mais indicado para cada perfil, levando em consideração o estilo de vida, características físicas e histórico familiar”.

Pílula anticoncepcional engorda

Mito. A pílula anticoncepcional definitivamente não engorda. Estudos mostram que usuárias de pílulas anticoncepcionais podem apresentar uma variação no peso de até 2 kg para mais ou para menos. O que ocorre é que algumas mulheres mais sensíveis à ação dos hormônios podem ter retenção de líquidos no organismo, alterando, dessa forma, o peso corporal.

Mulheres que tomam pílula demoram mais para engravidar?

Mito. Evidências mostram que o uso de pílulas anticoncepcionais não interfere na capacidade de engravidar. Após a suspensão do tratamento com a pílula anticoncepcional, o retorno à fertilidade é rápido. Em geral, a ovulação ocorre já a partir do mês seguinte à parada do anticoncepcional.


Dr. César E. Fernandes é médico ginecologista e presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Também é parceiro da Libbs, uma indústria farmacêutica brasileira 100% nacional, que está no mercado há 60 anos e conta com cerca de 2.500 colaboradores. Investe 10% de seu faturamento entre P&D e inovação e comercializa cerca de 90 marcas em mais de 200 apresentações de medicamentos, distribuídos nas seguintes especialidades: cardiovascular, ginecologia, oncologia, dermatologia, respiratória, transplantes e sistema nervoso central.

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