Alongamento e atividade física estão entre as dicas para diminuir a dor e melhorar a qualidade de vida do paciente com disfunção temporomandibular, a DTM.

Dores fortes na face, cefaleia, travamento da mandíbula e, em alguns casos, dores cervicais fazem parte do dia a dia daqueles que sofrem com um problema cada vez mais comum, mas ainda subdiagnosticado. Estudos indicam que a Disfunção Temporomandibular, também conhecida como DTM, afeta entre 3 a 5% da população mundial.

A principal característica da patologia são os ciclos de dor na articulação com o mesmo nome, que acabam gerando um grande impacto na qualidade de vida dos seus portadores devido à dificuldade de tratamento e diagnóstico, conforme detalha Dr. Bruno Furquim, que é Doutor em Reabilitação Oral pela FOB–USP. “A DTM causa uma dor que pode dificultar atividades diárias e corriqueiras como falar, comer, bocejar, cantar ou beijar. Essa dificuldade pode ter um impacto ainda mais dramático, podendo governar a vida de quem dela sofre.”

O impacto da DTM na qualidade de vida do portador é ainda mais importante quando os sintomas da doença se tornam crônicos, já que conviver com a dor todos os dias pode ser extremamente cansativo. “A dor crônica tem a capacidade de alterar o humor e a cognição, causando sérios impactos na produtividade e qualidade de vida, além de contribuir para o sentimento de desemparo e desesperança. Em alguns casos, o paciente pode, inclusive, apresentar medo de movimentar a mandíbula, por exemplo”. O ciclo da dor pode prejudicar a quantidade e qualidade do sono, que por sua vez influenciará diretamente os sintomas dolorosos e o quadro emocional.

Dicas e cuidados

Em paralelo ao diagnóstico e tratamento corretos, algumas práticas que podem contribuir para a melhora na vida daqueles que tem DTM, tais como:

– Tratamento de outras comorbidades: É comum em conjunto com a DTM a presença de quadros de depressão, fibromialgias e cefaleias intensas. O tratamento desses quadros pode contribuir para a redução dos ciclos de dor da DTM.

– Estresse físico, emocional ou intelectual: Esses quadros podem se tornar gatilhos para crises de dor. É importante tentar evitá-los ou minimizá-los.

– Desencostar os dentes: Os dentes devem se encostar apenas durante a mastigação, mas portadores de DTM frequentemente apertam os dentes em situações de estresse, tensão ou concentração. Esse hábito pode contribuir para o desencadeamento dos ciclos de dor.

– Qualidade e quantidade de sono: São muitas as medidas possíveis para melhorar o sono, como por exemplo, procurar acordar e dormir nos mesmos horários, evitar luz (inclusive do celular) e barulho antes de dormir, não abusar de bebidas estimulantes como café e chás com cafeína, etc.

– Prática de atividade física aeróbica regular: Muitos portadores de dor crônica cansam muito a cabeça, mas pouco o corpo. A atividade aeróbica regular melhora a capacidade endógena de controlar a dor através do sistema opióide e do sistema nervoso autonômico.

– Postura e alongamentos: O masseter, músculo que ocupa a mandíbula e grande parte da face, é o mais potente do corpo humano e nunca é lembrado para ser alongado. Os músculos cervicais também devem ser alongados nos pacientes portadores de DTM. Consciência corporal é imprescindível.

– Cuidados com a mente: Os pacientes podem controlar os efeitos negativos de seus pensamentos ou emoções com a ajuda da terapia cognitiva comportamental, meditação, consciência plena ou yoga.

– Lazer: A dor pode incapacitar o paciente de realizar suas atividades diárias, inclusive aquelas que antes lhe proporcionavam prazer ou bem-estar. Com o tempo, deixa de ser quem era, de gostar do que antes gostava. É importante resgatar hobbies e amizades.


Dr. Bruno Furquim é Doutor em Reabilitação Oral pela FOB–USP e membro da Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (SBDOF).

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