Dieta rica em proteínas, gorduras boas e ferro é indicada durante o tratamento de pacientes com doenças pulmonares crônicas, como a DPOC. Já os embutidos devem ser evitados.

Com a rotina agitada das grandes cidades, muitas pessoas não cuidam da alimentação e optam por alimentos de fácil preparo e consumo, geralmente com poucos nutrientes. As consequências desses hábitos alimentares vão muito além da estética. A má nutrição, com deficiência nutricional e excesso de açúcar e gordura, pode causar aumento do colesterol, diabetes, obesidade, hipertensão e várias doenças do sistema digestório.

Por outro lado, escolher alimentos saudáveis é uma prática que evita problemas sérios de saúde e ainda pode ser aliada no tratamento de doenças crônicas, que acompanham o paciente ao longo de toda a vida. Uma delas é a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, também conhecida como DPOC, quarta principal causa de morte no Brasil.

A DPOC pode ser manifestada como bronquite, uma inflamação das vias respiratórias e/ou enfisema pulmonar, condição que diminui a elasticidade dos pulmões e provoca a destruição de partes desse órgão. Ela é caracterizada pela dificuldade da passagem de ar para os pulmões, o que provoca tosse, secreção, falta de ar e fadiga. Esses sintomas podem ser potencializados caso o paciente tenha uma dieta com excessos de gordura, açúcar, sal e carboidratos.

O pneumologista Dr. José Roberto Megda Filho aponta as dificuldades da doença a qual “gera impactos na vida do paciente, como dificuldade para dormir e cansaço constante, limitando sua rotina. Se ele tiver uma dieta desequilibrada, os impactos serão ainda maiores”.

A reeducação alimentar deve complementar o tratamento com medicação indicada pelo pneumologista: “o tratamento é feito com o uso de medicamentos como o tiotrópio, que reduz o número de exacerbações da doença e diminui em 16% o risco de mortalidade nos pacientes”. Devido à limitação da respiração, os pacientes com DPOC podem perder peso, o que aumenta o risco de mortalidade. Por isso, é essencial que os pacientes cuidem de sua alimentação e façam escolhas saudáveis, evitando maiores complicações e a internação. Em alguns casos, inclusive, o pneumologista pode encaminhá-lo para um nutricionista.

As indicações para os pacientes com DPOC terem uma alimentação saudável:

1 – Coma pequenas porções com maior frequência

Uma rotina de trabalho ou estudo costuma ser exaustiva e, consequentemente, sobra pouco tempo para as pessoas se dedicarem à saúde e ao lazer. Hábitos de pular refeições, comer pouco para emagrecer e ficar muito tempo em jejum são extremamente prejudiciais, principalmente aos pacientes com DPOC. “Por terem maior dificuldade ao respirar e as vezes apresentarem baixa oxigenação no sangue, o simples fato de se alimentar pode ser uma tarefa muito difícil e desgastante para esses eles. Quando esses pacientes comem um volume muito grande de comida em uma única refeição, pode ocorrer uma dilatação do estômago, podendo comprimir o diafragma e causar refluxo, piorando ainda mais a falta de ar”. Nesse caso, o ideal é comer porções menores de alimentos, seis vezes ao dia. Uma boa opção é preparar potinhos com frutas para levar ao trabalho.

2 – Mantenha o corpo hidratado

É importante ingerir líquidos ao longo do dia, antes de sentir sede. Pacientes com DPOC apresentam bastante secreção, que são uma forma de perder líquidos do organismo. Para beber, são indicados água e sucos naturais, evitando ingestão de bebidas alcoólicas e refrigerantes. “Os pacientes que também têm doenças cardíacas devem tomar cuidado para não consumir muito líquido. Isso porque a DPOC provoca redução de oxigênio no sangue, levando o coração a trabalhar mais. Depois de anos nessa condição, o órgão pode trabalhar menos e causar acúmulo de líquido no organismo”.

3 – Coma alimentos ricos em proteínas, ferro e fósforo

“Pessoas com a doença podem apresentar deficiência de proteína, ferro e fósforo, o que provoca a diminuição do nível de hemoglobina, que constituem o sangue e são responsáveis pelo transporte de oxigênio”. Por isso, a dieta dos pacientes deve conter frango e peixe, ricos em proteínas, mas de digestão fácil, leite e legumes ricos em ferro, como o feijão. Esses nutrientes são essenciais para melhorar o funcionamento dos pulmões, auxiliando na respiração.

4 – Cuidado com os carboidratos

Massas, pães e bolos são fonte de energia para o organismo, em excesso, podem ser prejudiciais à saúde dos pacientes com DPOC, porque a digestão desses alimentos produz gás carbônico, que será eliminado pela respiração. Dessa forma, os pulmões do paciente precisam trabalhar mais e com isso o organismo gasta mais energia. A dieta deve conter um equilíbrio entre alimentos ricos em lipídios e ricos em carboidratos. Uma boa opção de lanche para ter na bolsa são as castanhas.

5 – Evitar o consumo de embutidos e industrializados (salgados/açúcares)

Os embutidos, como presunto, salame e mortadela, contêm um alto índice de sódio e nitritos, que podem ser prejudiciais às pessoas com doenças respiratórias. “Consumir sal e açúcar excessivamente é perigoso para o funcionamento do organismo, alterando o funcionamento do coração e, consequentemente, prejudicando o sistema respiratório. Por isso, o ideal é evitar alimentos muito gordurosos e industrializados”.

6 – Evitar alimentos que favorecem o refluxo gastroesofágico

O refluxo gastroesofágico pode piorar a falta de ar, fazer a DPOC progredir além de aumentar o risco de crises da DPOC. Os alimentos que mais causam refluxo são frituras e embutidos, cafés e chocolates, bebidas alcoólicas e refrigerantes e pimentas. “Se mesmo com as mudanças nos hábitos alimentares os pacientes manterem com sintomas de refluxo, temos que usar medicações para evitar que essa doença agrave ainda mais a DPOC”.

Causas

Geralmente causada pelo tabagismo, a DPOC também pode ser gerada a partir do contato com a poluição e a exposição a produtos químicos. “Ao sentir os primeiros sintomas, o paciente deve procurar o médico”. Em 2010, o número de brasileiros com a condição era de cerca de 7 milhões. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a DPOC se torne a terceira causa de morte no mundo em 2020iv. Contudo, ela ainda é subdiagnosticada, ou seja, muitas pessoas não sabem que possuem a doença. “Ao ser diagnosticada corretamente, a DPOC deve ser tratada de imediato, evitando maiores danos aos pulmões, que nunca voltarão a ser totalmente saudáveis”.


Dr. José Roberto Megda Filho é pneumologista da Residência de Clínica Médica do Hospital Universitário de Taubaté e membro das Sociedades Brasileira e Europeia de Pneumologia. Parceiro da Boehringer Ingelheim, que é uma das 20 principais farmacêuticas do mundo e até hoje permanece como uma empresa familiar. Dia a dia, cerca de 50.000 funcionários criam valor pela inovação para as três áreas de negócios: saúde humana, saúde animal e fabricação de biofármacos. No Brasil, a Boehringer Ingelheim possui escritórios em São Paulo e Campinas, e fábricas em Itapecerica da Serra e Paulínia. Há mais de 60 anos no país, a companhia estabelece parcerias com instituições locais e internacionais que promovem o desenvolvimento educacional, social e profissional da população. www.boehringer-ingelheim.com.br

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