80% dos casos de câncer no mundo estão relacionados ao nosso modo de vida. Algumas medidas que contribuem para afastar os riscos de desenvolver a doença e alguns benefícios dos exercícios para pacientes em tratamento.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos casos de câncer no mundo estão relacionados ao nosso modo de vida. Entre os principais fatores responsáveis por este preocupante cenário estão hábitos alimentares pouco saudáveis e falta de uma rotina de exercícios físicos. Por isso, a recomendação da entidade é que pessoas de 18 a 64 anos pratiquem pelo menos 150 minutos de exercícios moderados por semana – ou, em média, pouco mais de 20 minutos por dia. Isso significa que pequenos ajustes na rotina, como caminhar pequenas distâncias, aderir à bicicleta como opção de transporte ou subir e descer escadas ao invés de usar o elevador, podem colaborar para o afastamento da grande maioria dos fatores de risco que levam ao surgimento da doença.
“Sedentarismo, sobrepeso/obesidade e consumo excessivo de gorduras podem ser classificados como vilões que respondem, em especial, pela elevação no risco de desenvolvimento de tumores que afetam intestino, endométrio, próstata, pâncreas e mama”, explica o oncologista Dr. Daniel Gimenes.
Estes fatores se tornam ainda mais preocupantes quando levamos em conta sua relação direta com o aumento constante nos registros de casos de câncer. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que serão registrados 600 mil novos casos diagnósticos da condição em 2018.
Exercícios físicos
O incentivo à prática constante de exercícios físicos e ingestão de alimentos saudáveis surge não apenas como iniciativa essencial para frear os índices aumentados da doença como também forma de potencializar o processo de tratamento para pessoas com câncer. “Uma série de estudos científicos sugerem que indivíduos que praticam atividade física e seguem uma dieta equilibrada têm melhores respostas às terapêuticas e, portanto, apresentam taxa de sobrevivência maior taxas de sobrevivência maior cinco anos após o diagnóstico”.
Atividade física no tratamento do câncer
O diagnóstico de câncer não deve ser atrelado à interrupção da prática de exercícios físicos, um dos mitos que cerca a doença. O movimento regular do corpo exerce um papel preponderante para a saúde do paciente e evolução positiva do tratamento. “É importante oferecer a oportunidade de 150 minutos de atividade física semanal, ou seja, 20 minutos por dia. A prática faz com que sejam eliminadas do sangue as moléculas de gordura, chamadas de lipídios, que servem como forma de alimento para as células tumorais. Isso significa que os exercícios dão um suporte extra para que o corpo possa combater o inimigo, reduzindo suas chances de crescimento”.
Essa melhora nos índices de resposta contra tumores pode ser obtida a partir de mudanças leves na rotina com a adoção de atividades aeróbicas simples, como caminhada, corrida, bicicleta e dança, por exemplo. Outras formas de movimento do corpo como a yoga também são recomendadas. “A prática de movimentos libera substâncias como a endorfina, hormônio responsável pela sensação de bem-estar, além de contribuir efetivamente para a redução das dores crônicas, fadiga, estresse e melhora no sono”.
Os benefícios oncológicos derivados de exercícios contribuem para a diminuição no risco de recidiva da doença. “Ao colaborar para o controle e redução de peso, o paciente estará também reduzindo as chances de retorno do tumor, já que o sobrepeso e a obesidade são fatores que levam à maior chance de recidiva”. Outro ponto importante é que a atividade física pode proporcionar a melhora da autoestima. Contudo, o especialista lembra que a prática não substituí o uso de medicamentos específicos para controle da doença, devendo ser entendido como um aliado.
“Consideramos os exercícios como um complemento dos tratamentos convencionais de quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e/ou cirurgia. Embora a atividade física seja importante durante o tratamento de câncer, é essencial que seja praticada respeitando as limitações individuais. “Se a pessoa está sedentária durante anos, não é recomendado que comece com um treino pesado. Todo movimento é benéfico ao corpo e cabe à equipe multidisciplinar envolvida nos cuidados com o paciente orientar sobre as opções adequadas conforme o histórico pessoal”.
10 passos indicados que contribuem para a redução global dos riscos de incidência do câncer:
1 – Alimentação saudável é um hábito que ajuda na prevenção ao câncer. A dieta do mediterrâneo, que inclui frutas, peixes, grãos e azeite, é um excelente exemplo;
2 – Existem vacinas que podem contribuir para a prevenção do câncer. Um exemplo é a vacina contra o HPV, vírus responsável por 90% dos casos de câncer de colo de útero;
3 – Após os 40 anos, realize mamografia anualmente. A detecção precoce aumenta em até 95% as chances de recuperação em casos de câncer de mama. (Fonte: SBM – Sociedade Brasileira de Mastologia – DF)
4 – Na maioria dos casos, o câncer de pulmão está associado ao consumo de cigarro ou derivados. Parando agora, sua saúde melhora radicalmente. Em 1 ano, o risco de doenças ligadas a males do coração, como infarto, cai pela metade. (Dados da SBCT – Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica)
5 – A prática regular de atividades físicas ajudar a prevenir o câncer. O sobrepeso e a obesidade estão relacionados aos seguintes tipos de câncer: intestino, endométrio, próstata, pâncreas e mama.
6 – O apoio familiar é fundamental na vida do paciente oncológico. Centrados no cuidado integral, os tratamentos atuais ajudam o paciente na parte médica com terapias complementares como yoga, massoterapia, assistência nutricional e psicológica, além dos cuidados com a boca
7 – A imunoterapia é hoje um grande avanço no tratamento do melanoma, câncer de pulmão, câncer de rim e outras doenças. Essa nova terapia potencializa o sistema imunológico para combater as células malignas.
8 – A detecção precoce do câncer pode salvar vidas. Consulte sempre um médico especialista e faça exames periodicamente.
9 – Existem testes genéticos que possibilitam a personalização do tratamento dos pacientes e, mais do que isso, a identificação de risco e o diagnóstico precoce de doenças hereditárias, incluindo o câncer. (Fonte: Idengene)
10 – O câncer de pele é o tipo mais comum em todo o mundo, e pode ser prevenido. Evite e exposição ao sol entre as 10h às 15h. Use protetor solar diariamente com Fator de Proteção Solar (FPS) mínimo de 30 (Fonte: Consenso Brasileiro de Fotoproteção– Sociedade Brasileira de Dermatologia).
Dr. Daniel Gimenes é oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas.
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