Grande parte da população feminina ainda passa dias, e até semanas, sem evacuar por motivos menos graves, como vergonha de utilizar o banheiro fora de casa, por exemplo.
O gastroenterologista Dr. André Siqueira Matheus também dá dicas sobre alimentação e comportamento, além de ressaltar a importância da prática regular de atividades físicas para o melhor funcionamento do intestino.
Embora afete ambos os sexos, a constipação intestinal, ou prisão de ventre, como é popularmente conhecida, é mais frequente entre as mulheres. Isso ocorre não só por motivos biológicos ou hormonais, por exemplo, mas também em função de motivos menos graves, como receio e timidez.
A maior parte das mulheres ainda fica envergonhada, quando precisa usar o banheiro fora de casa. Tanto que o intestino de muitas delas simplesmente para de funcionar quando vão trabalhar, viajar ou dormir na casa de amigas, namorados ou familiares, por exemplo.
Esse tipo de comportamento pode trazer graves prejuízos à saúde, já que a alteração do hábito intestinal, além de estar relacionada com diferentes doenças do aparelho digestivo provoca inchaço, aumento do abdome e pode causar dificuldade ou dores na hora de ir ao banheiro.
“Evacuar pouco ao longo da semana ou apresentar evacuações com fezes muito endurecidas já caracteriza o quadro de constipação intestinal. Por isso, é fundamental que as mulheres percam a timidez e tentem utilizar o banheiro sempre que precisarem”.
O mau funcionamento do intestino está associado com problemas, como diverticulites, hemorroidas, fissuras anais e até câncer intestinal. Fatores como ciclo menstrual, gravidez, menopausa e idade avançada também contribuem com a maior frequência de constipação intestinal em mulheres.
Os hormônios sexuais femininos influenciam os movimentos peristálticos do intestino grosso. Tanto que já se sabe que o intestino de muitas mulheres fica “preguiçoso” durante o período menstrual.
“Por outro lado, a prisão de ventre é comum na menopausa ou em idades mais avançadas, já que as mudanças ocorridas durante essas fases da vida também afetam os músculos do intestino grosso. Já as grávidas costumam ter problemas digestivos, porque, além das mudanças hormonais, o aumento do útero pode dificultar as suas funções intestinais”.
Para garantir o bom funcionamento do intestino, algumas dicas de comportamento e alimentação que podem beneficiar a evacuação e todo processo digestivo sem o uso de medicamentos:
Preocupe-se com as evacuações: saber a frequência de funcionamento do intestino e o aspecto das fezes é muito importante para cuidar de forma adequada do intestino. Mas o mais importante é não inibir o reflexo evacuatório. Ou seja, quando der vontade, vá ao banheiro;
Consuma laxantes naturais: podem ser alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras e legumes. Entre as melhores opções estão o mamão, ameixa seca, semente de linhaça, gergelim, farelo de trigo e a granola que podem ser consumidos com iogurte, por exemplo, cujos lactobacilos beneficiam bastante o processo digestivo;
Exercite-se com frequência: isso estimula o peristaltismo – movimento que empurra os alimentos ao longo do tubo digestivo – e melhora muito o funcionamento intestinal. Vale lembrar, que o sedentarismo também é uma das causas da prisão de ventre;
Beba mais líquido: de preferência água e suco de frutas – que também são muito ricos em fibras. Essa medida é fundamental para a hidratação das fezes e melhora do hábito intestinal. Ingira aproximadamente 1,5 litros de líquido por dia. Porém, evite beber simultaneamente às refeições;
Coma menos alimentos constipantes: como carnes, laticínios, açúcar, farinha branca, café e refrigerantes. Quando consumi-los, mastigue-os bem ou beba sem exageros;
Acerte-se com o relógio: no período da manhã, a função intestinal é melhor. Por isso, procure evacuar durante esse horário. Se puder, programe-se para sempre usar o banheiro no mesmo horário;
Evite tomar remédios por conta própria: quem sofre constipação intestinal deve sempre procurar um médico.
Dr. André Siqueira Matheus é gastroenterologista do Hospital do Coração (HCor).
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