Carências nutricionais são a principal causa de vários problemas de saúde na terceira idade.
Uma dieta equilibrada é essencial em qualquer fase da vida, pois é através dos alimentos que o organismo obtém a energia necessária para seu bom funcionamento. Porém, com o passar do tempo, surgem alterações fisiológicas que podem afetar ou, até mesmo, limitar a capacidade do organismo de extrair e processar a quantidade adequada de nutrientes essenciais para cultivar uma boa saúde e garantir mais qualidade de vida.
Na terceira idade, fase que, por natureza, já inspira maiores cuidados, a atenção deve ser redobrada. Com o passar dos anos, o corpo apresenta alguns problemas em decorrência do envelhecimento, como enfraquecimento da força muscular, visão e audição, movimentos mais lentos e dificuldades na hora de se alimentar. Mesmo que alguns sinais sejam comuns ao avanço da idade, é fundamental ficar atento às mudanças do organismo para evitar o agravamento desses fatores e outros problemas desnecessários.
Como os idosos costumam conviver com doenças crônicas, grande parte das pessoas associam qualquer enfermidade às consequências comuns da idade, no entanto, há diversos problemas que podem ser evitados com medidas simples, como a suplementação de cálcio e vitamina D por exemplo, que tem não apenas melhorado, mas prolongado essa etapa tão importante da vida.
Idosos: grupo de maior atenção
A população de idosos no Brasil cresce mais a cada ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estamos vivendo mais, cerca de vinte milhões de pessoas já completaram ou passaram de sessenta anos de idade, e estima-se que esse número chegue a 30 milhões em 2020. Esse aumento por um lado representa um avanço na longevidade dos brasileiros que deve ser comemorado, mas por outro evidencia a necessidade de uma abordagem mais aprofundada sobre os desafios e características que compreendem essa etapa mais delicada da vida, onde todos queremos chegar com saúde.
De acordo com a nutricionista Joanna Carollo a nutrição adequada é indispensável para todas as faixas etárias, porém para os idosos especialmente, uma vez que a saúde do organismo se torna mais sensível e frágil nessa fase e, portanto, requer mais atenção. “Para se manter saudável e funcionar corretamente o organismo precisa ser abastecido diariamente com carboidratos, proteínas, gorduras, sais minerais, vitaminas e água. Esses nutrientes agem em conjunto e possuem características fundamentais e complementares, portanto a falta de algum deles pode afetar ou mesmo debilitar significativamente a saúde”.
A importância do Cálcio
Encontrado em diversos alimentos como o leite, proteínas, vegetais de folhas verde escuras, peixes entre outros, o cálcio é um mineral fundamental para a manutenção de várias funções do nosso organismo. Ele é o principal constituinte dos ossos, onde fica armazenada a maior quantidade do mineral presente no corpo, outra boa parte fica nos dentes e o resto circula no sangue. Uma dieta com baixo valor nutricional e ausência do mineral pode levar o organismo a retirar dos ossos a quantidade que precisa para equilibrar seus níveis na corrente sanguínea, o que eleva a porosidade do osso, deixando-o mais frágil e aumentando o risco de fraturas e doenças progressivas como a osteoporose, que se torna mais frequente com o envelhecimento.
Vitamina D
Conhecida também como calciferol, a vitamina D estimula a absorção do cálcio pelo organismo após a exposição solar. Sem ela o organismo não consegue absorver o cálcio de maneira adequada e os ossos se tornam frágeis. Esse nutriente é encontrado em poucos alimentos, como fígado, óleos de peixes gordurosos e gema de ovo e ainda está relacionado ao bom funcionamento do coração, cérebro e proteção contra diversas doenças, entre elas o câncer, asma, diabetes, esclerose múltipla, e, até mesmo a depressão.
Além de reduzir a imunidade, a deficiência dessa vitamina também pode provocar alterações no crescimento e no desenvolvimento dos ossos, seus baixos níveis são associados à maiores riscos de fratura de quadril em pacientes mais velhos. De acordo com a profissional, estima-se que atualmente cerca de 50 % da população é afetada pela insuficiência de vitamina D.
Falta de exposição solar
Ao contrário do que muita gente imagina, a alimentação inadequada não é a principal vilã quando se fala em carência de vitamina D. É certo que uma dieta equilibrada com alimentos ricos nesse nutriente é fundamental, mas a falta de exposição solar é o fator que mais resulta nessa deficiência. Isso acontece porque são os estímulos dos raios ultravioletas que promovem a sintetização do nutriente, feita na pele.
A exposição ao sol é responsável por 90% da vitamina D que precisamos, mas o estilo de vida moderno tem tornado esse hábito cada vez mais raro no mundo urbano. A migração do ambiente de trabalhou que, com a revolução industrial, passou dos campos e lavouras para dentro das fábricas e escritórios faz com que as pessoas se exponham cada vez menos aos raios solares, e, quando se expõem, fazem uso indiscriminado de filtros, o que prejudica o processo de sintetização e causa uma insuficiência na maior parte da população.
Além de possuir uma rotina que não favorece os banhos de sol, a nutricionista explica que a maioria das pessoas acreditam que apenas 20 minutos de exposição pela manhã cedo ou no período do fim da tarde são suficientes, mas isso não é via de regra. “Não é possível determinar exatamente quanto tempo cada um necessita, esse critério pode variar de acordo com fatores genéticos, porém, é sabido que os idosos possuem maior dificuldade em produzir essa vitamina, em comparação com os jovens, por isso precisam de mais tempo”.
Necessidade de suplementação
Na terceira idade manter um cardápio balanceado é primordial, tanto para manutenção do organismo quanto para prevenção de enfermidades diversas, porém, muitos possuem uma alimentação mais restrita, seja por problemas com deglutição, falta de apetite ou a exclusão de algum alimento em decorrência de tratamentos para outros fins. “Esses fatores, além de resultarem, muitas vezes, no desinteresse pelas refeições, ainda prejudicam a ingestão de minerais importantes como o cálcio, ou vitaminas como a D, essenciais, especialmente nessa idade, e ainda podem causar desnutrição, desidratação e outras complicações de saúde”.
Esse quadro não configura uma doença propriamente, mas um sinal de alerta que, se negligenciado, pode levar a complicações que interferem diretamente no estado nutricional do idoso e pode desencadear no surgimento de doenças ou no agravamento das enfermidades pré-existentes. A falta desses nutrientes pode comprometer a qualidade de vida, por isso, é preciso ficar atento aos sinais do corpo. O cálcio é um mineral que compete com outros nutrientes, determinadas combinações alimentares interferem na sua absorção, ao mesmo tempo, os níveis de vitamina D devem estar equilibrados para que isso ocorra, ou seja, diante de um grupo de pessoas com capacidade reduzida para assimilar os nutrientes, a suplementação pode ser necessária”.
Embora existam as fontes naturais para os nutrientes, eles também são sintetizados quimicamente e indicados a fim de se adequar à nova realidade das pessoas. Repor a vitamina D, por exemplo, através de suplementação é reconstituir um mecanismo natural, mas, antes de fazer alterações deliberadas na dieta, é fundamental consultar um nutricionista, pois, somente ele será capaz de avaliar o estado nutricional do paciente e orientá-lo da melhor maneira.
Joanna Carollo é nutricionista, especializada em nutrição clínica e profissional da Nova Nutrii. www.novanutrii.com.br
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