O slip dress, antes restrito ao universo da lingerie e da roupa de dormir, conquistou espaço definitivo no guarda-roupa urbano. Com seu corte minimalista, alças finas e tecidos leves como cetim ou seda, a peça carrega uma sensualidade sutil que desafia convenções sobre o que deve ou não ser mostrado. Mais do que uma simples moda, o slip dress representa uma estética de contraste: delicado, mas marcante; íntimo, mas exposto. Usado sozinho ou combinado com blazers, botas ou sobreposições, ele traduz uma nova liberdade no vestir — aquela que transforma o conforto do quarto em uma linguagem de estilo e sedução.
A lingerie, tradicionalmente associada à intimidade, passou a ocupar um novo lugar no imaginário da moda. Não é mais um segredo escondido sob a roupa: é um elemento de afirmação pessoal. Ao surgir à mostra — sob transparências, recortes ou tecidos fluidos —, ela deixa de ser apenas uma promessa ao outro e se torna uma afirmação de si. Quando um sutiã estruturado aparece sob uma camisa ou um body de renda se integra a peças de alfaiataria, o gesto já não é apenas provocativo: é poderoso. E nesse mesmo caminho, o slip dress abandona o status de “peça de dormir” e assume seu posto como arma estética, capaz de comunicar intenção e segurança com delicadeza.
A fashion influencer Cléo Souza, 40, adotou essa proposta como parte da própria identidade. Em suas composições, ela explora o contraste entre o íntimo e o urbano, mesclando lingeries visíveis, vestidos de cetim e elementos clássicos. “Não penso na lingerie como algo que escondo. Ela é o ponto de partida do meu look. Escolher um body bonito ou um slip dress bem cortado muda o meu humor, me dá uma sensação de domínio sobre mim mesma”, explica. “Uso como uma extensão da minha confiança, não como um convite. A sensualidade pra mim é uma escolha pessoal, não uma performance.”
Para Cléo, quando a lingerie se torna parte visível da roupa, ela muda não apenas a percepção do próprio corpo, mas também a forma como o outro responde à presença. “Acho bonito quando alguém percebe que me arrumei com intenção, mas não como quem analisa um detalhe provocativo. É como quem entende que tem história ali”, diz. “A lingerie, quando aparece, não pede validação. Ela revela um estado: estou bem comigo. E isso, por si só, é sedutor.”
Ao assumir o protagonismo no look, a lingerie não abandona o erotismo. Pelo contrário — ela o aprofunda. Em vez de apelos óbvios, surge como um código silencioso, uma linguagem visual carregada de verdade, elegância e autonomia.