A beleza está na cara e o talento é uma conquista lenta e gradual. Sylvia de Souza Bandeira, de nome artístico Sylvia Bandeira, nasceu, no dia 15 de fevereiro, em Genebra, na Suíça. Quase 60 anos depois, ela ainda chama atenção por sua beleza.
Depois de trabalhar como modelo, começou sua carreira de atriz pelo cinema, no ano de 1978, no filme “República dos Assassinos”. Depois, por sua atuação em “Bar Esperança”, em 1983, recebeu o prêmio Kikito de melhor atriz coadjuvante, no Festival de Cinema de Gramado, e não parou mais.
Em paralelo à carreira no cinema e televisão, Sylvia não deixou de atuar no palco, muitas vezes até como produtora. Já se passaram 30 anos em cena desde que participou da peça “Brasil da Censura à Abertura”, sob a direção de Jô Soares, com quem foi casada.
Sylvia, uma mulher charmosa, bonita e encantadora, conta-nos nesta entrevista sobre seus sentimentos, seus planos e sua maneira de ver a vida.
Você sempre foi uma mulher bonita. Em algum momento da vida a beleza atrapalhou você?
A beleza só somou, mas existe o preconceito de que beleza vem aliada a burrice. Como perdoar numa jovem a beleza e o talento? A beleza está na cara e o talento é uma conquista lenta e gradual.
Como começou sua carreira profissional?
Sempre quis ser atriz. O sonho começou cedo, mas até realizar esse sonho passou um bom tempo. E até hoje estou aprendendo, essa é a beleza desta profissão.
E como foi a entrada no cinema?
O diretor de cinema Miguel Faria Jr. estava testando atrizes para um papel de destaque no filme “República dos Assassinos”. Me empenhei tanto para o teste que ao final dele Miguel disse: “Ainda não sei se você tem talento, mas essa garra toda já é mais do que meio caminho andado!”
Já no segundo filme da sua carreira você foi premiada com o Kikito de melhor atriz coadjuvante. Como isso repercutiu para você?
Foi uma grande emoção e o reconhecimento de que eu estava no caminho certo, e não me enganara ao seguir meus sonhos e me transformar numa atriz com carteira assinada e tudo.
Você começou na Rede Globo como apresentadora de programa de auditório. Como foi que passou a fazer novelas?
Eu comecei fazendo cabeças (apresentação de reportagens) do programa Fantástico e depois fiz o programa de perguntas e respostas “8 ou 800” no ano de 1976.
Eu apresentava o programa com o Paulo Gracindo, mas na realidade eu entrava “muda” e saía “calada”. Apenas fazia algumas perguntas aos convidados e senti o peso da responsabilidade de estar falando com milhões de pessoas. Fui me preparar com aulas de voz com a Glorinha Beutenmüller, fiz aulas de teatro no Tablado e, assim, me candidatei a fazer uma novela quando terminou o programa.
Mesmo fazendo muitas novelas, você nunca deixou de fazer teatro. É amor?
Teatro é paixão sim, é onde o ator se recicla. No teatro não se pode mentir. É a prova real do talento do ator.
Dentre os personagens que você fez no teatro, algum lhe marcou em especial?
Sim. Uma cigana muito louca em “Divinas Palavras de Rámon Del Valle-Inclán”, com direção do Moacyr Goés. Foi um papel muito difícil e estimulante ao mesmo tempo.
Sabemos que para você representar é sempre um prazer. O que você mais gosta de fazer: televisão, cinema ou teatro?
Cada um dos três veículos tem seu encanto e adoro os três de maneiras diferentes. Televisão é a arte do improviso, do imediatismo, do reconhecimento do público, e ainda engatinho nesse mundo. Cinema é magia pura e teatro é troca imediata do ator com seu público sem a possibilidade de erro.
Sendo filha de diplomata, como foi para você começar a carreira em uma época politicamente conturbada no Brasil?
Primeiro que eu era muito jovem e não tinha ideia da “missa a metade”, do que estava acontecendo no nosso país. Por outro lado, ainda bem, se não iria levantar a bandeira que faz parte do meu nome e talvez não estivesse aqui para contar.
Na vida ou na carreira de atriz, você já sofreu algum tipo de preconceito?
Como mulher, algumas vezes, mas sempre passei por cima e lutei com leveza e convicção pelos nossos direitos.
Se tivesse a oportunidade de recomeçar a vida, seria diferente?
Tem um ditado em francês que diz “se a velhice pudesse e se a juventude soubesse”… Talvez tivesse sido menos impulsiva, mas é difícil saber.
Como uma mulher bonita, quais os cuidados que você tem com o corpo?
Sou gulosa, aquariana, desorganizada, mas de alguns anos para cá faço exercícios físicos com uma certa assiduidade e também dou uma controlada nos doces quando sinto que engordei.
E os momentos de lazer, o que você gosta de fazer para se divertir?
Gosto de ler, dançar, nadar, assistir filmes e peças de teatro.
Como é envelhecer para você? Você tem ou segue alguma filosofia de vida?
Espero envelhecer com sabedoria e saúde, mas a ideia ainda me assusta. Tenho várias filosofias em diferentes momentos, me ocorre que acredito na máxima “viver e deixar viver”.
Você está com algum projeto profissional ou tem alguma atuação prevista para breve?
Devo estrear um musical sobre a vida da Marlene Dietrich ainda este ano.
Você se considera uma Plena Mulher?
Depois de ter travado algumas batalhas e ter acompanhado tantas conquistas da Mulher ao longo de décadas, não me submetendo ao jogo machista, posso dizer que sim, me sinto uma Plena Mulher.
Por: Mariliz Consul – Diretora de Redação – E-mail: [email protected]
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