Leci tem muita disposição para trabalhar e agradece por tudo o que já conquistou. Cantora e compositora, Leci Brandão é uma das mais importantes intérpretes de Samba e música popular brasileira. Criada entre os berços dos grandes sambistas cariocas – Leci foi a primeira mulher a integrar a ala dos compositores da estação primeira de mangueira em 1972.

Foi com muita luta que conquistou seu espaço. Orgulha-se de ser a cantora das comunidades. Chegou a ficar 5 anos sem gravar por questões políticas. As gravadoras não aceitavam suas canções marcadas pelas letras sociais. Muito cantou em defesa das minorias – todas elas.

Além de dedicar-se à carreira musical, é membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

Também exerce a função de comentarista dos desfiles das escolas de samba do grupo especial de São Paulo, durante as transmissões televisivas no período de Carnaval

Em seu primeiro CD ao vivo, Eu sou assim, dedicado a Martinho da Vila, ele declara – “Eu fico envaidecido por Leci me dedicar este disco, que mostra bem esta cantora de voz e timbre incomum, uma guerreira e uma legítima representante da mulher brasileira”.

Nesta entrevista exclusiva ao Plena Mulher, Leci fala sobre seu trabalho, conquistas e vida.

Leci BrandãoVocê é uma mulher incansável na luta em defesa das minorias?

Creio que sim. Luto há exatos 35 anos.

Seria possível dizer que você compõe e canta como se fosse um grito de guerra?

Já tive essa fase nos anos 70. Quando fiquei excluída durante 5 anos, de 80 a 85. Percebi que teria que mudar a estratégia. Retornei em 85 cantando e contando as mesmas coisas, mas com sorriso no rosto.

Você faz parte do CNIR e do CNDM. Por que você resolveu se engajar nesses dois temas e instituições?

Não me engajei. Fui convidada a participar do CNPIR pela então Ministra Matilde Ribeiro. Com a saída dela, resolvi sair do conselho. Entretanto, o atual Ministro Edson Santos me convidou novamente. Tomarei posse em agosto.

Nós, mulheres, ainda temos que travar muitas guerras para sermos mais aceitas com dignidade, o que está faltando pra ganharmos essa luta?

Sabemos que politicamente o Brasil é extremamente machista. O Congresso é formado na sua maioria pelos homens. Precisamos ter mais espaços, precisamos de empoderamento para lutar realmente pelas nossas propostas e exigir o cumprimento de políticas públicas amplas para o nosso avanço.

Leci BrandãoNessa luta social, quais conquistas você já teve?

Sou compositora e intérprete. Além das composições engajadas, tive a chance de gravar composições das diversas regiões brasileiras e sinto-me orgulhosa por isto. Nesse universo cantei para negros, índios, sem-terra, professores, diretas já, campanha do Betinho, aidéticos, deficientes, homossexuais, nordestinos, presos, etc…

No que se refere à mulher, você identifica diferenças entre as novas gerações de mulheres e aquelas que hoje têm mais de 40 anos? Em caso positivo, quais são essas diferenças?

As mulheres de hoje estão mais esclarecidas. Trabalham para somar na economia do lar, denunciam as injustiças, exercem novas profissões, são mães independentes, etc…

Você observa que as mulheres a partir de 40 anos, embora tenham maior conhecimento e domínio de si, são discriminadas pelo mercado de trabalho, pela mídia e pela sociedade em geral?

Normalmente as mulheres negras enfrentam todo tipo de discriminação.

E a Leci como comentarista da Rede Globo sobre as escolas de samba?

Cumpro meu papel diante das comunidades das escolas de samba. Alias, a palavra comunidade foi inserida por mim no carnaval da Globo.

Leci BrandãoVocê já se sente uma mulher realizada ou ainda há muito o que fazer?

Sempre há muito o que fazer! Ainda tem pessoas da minha família que precisam do meu apoio.

Como é o dia a dia da Leci quando não está trabalhando?

Atualmente, ficar com a minha família no Rio ou sair com meus amigos quando estou em São Paulo. Adoro praia, amo o sol e gosto de comer bem e beber socialmente.

Tem algum cuidado especial com a saúde ou para manter a forma?

Tenho evitado café, chocolate e coca cola por causa da cafeína. Tenho labirintite. Para manter a forma como verduras, legumes (adoro saladas!)  e opto por carnes magras e peixes.

Você se vê como uma Plena Mulher? Por quê?

Evidente que sim! Não aparento a idade que tenho e graças a Deus tenho muita disposição para trabalhar. Além disso, conquistei coisas na minha vida que jamais imaginei… Deus tem sido muito bom para mim. Por isso agradeço a ele permanentemente.


Por: Mariliz Consul – Diretora de Redação – E-mail: [email protected]

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