Pesquisadores pedem aos pais que armazenem esses produtos com segurança: trancados e fora da vista das crianças.
Há algo de fofo numa criança tentando agir de forma adulta, borrifando-se com colônia ou borrando o batom da mãe em sua boca… Mas o contato com produtos de higiene pessoal deixa mais de 4.300 crianças, menores de cinco anos, envenenadas ou com queimaduras químicas, todos os anos, estima um novo estudo do Nationwide Children’s Hospital, publicado no Clinical Pediatrics.
O estudo descobriu que a maioria das lesões causadas por esses produtos ocorre quando a criança ingere o produto (75,7%) ou quando o produto entra em contato com a pele ou os olhos da criança (19,3%). Essas ingestões e exposições, na maioria das vezes, levaram a envenenamentos (86,2%) ou queimaduras químicas (13,8%).
As três principais categorias de produtos que causaram lesões foram os destinados a cuidados com as unhas (28,3%), os para cabelos (27,0%) e os de cuidados com a pele (25,0%), seguidos pelos produtos de fragrâncias (12,7%). O removedor de esmalte foi o produto individual que levou ao maior número de visitas à sala de emergência (17,3% de todas as lesões). Dos ferimentos mais graves, que necessitaram de hospitalização, mais da metade foi de produtos de tratamento para cabelos (52,4%) como relaxantes capilares e soluções permanentes, levando a mais internações do que todos os outros produtos.
Os autores do estudo pedem aos pais que mantenham seus cosméticos e produtos de higiene pessoal fora da vista e do alcance das crianças, nas mesmas embalagens em que vieram. A sua esperança é que as crianças não consigam ter acesso a estes produtos, em primeiro lugar, mas se o fizerem, pelo menos uma imagem na embalagem pode indicar às crianças que a loção não é um saboroso iogurte. E, se o pior acontece, os pais serão capazes de identificar qual produto seu filho manuseou erroneamente.
Hospitalização
Cerca de 60% das crianças que acabaram em hospitais com lesões relacionadas a produtos de cuidados pessoais tinham menos de dois anos de idade, estavam apenas aprendendo a falar e muito longe de poder ler. “Quando a garrafa se transforma em removedor de esmalte, em vez de suco, ou a loção se transforma em iogurte, ferimentos graves podem ocorrer”, alertam os autores do estudo.
Há tantas crianças prejudicadas por cosméticos, em 2016, quanto houve em 2002, uma descoberta angustiante para os pesquisadores. O fato de que o número de ferimentos não diminuiu é alarmante.
“Há uma persistência nessas lesões entre crianças dessa faixa etária, e cosméticos e produtos para cuidados pessoais são encontrados em quase todas as casas. Muitos de nós os usamos diariamente e, embora eles possam não ser prejudiciais quando usados de acordo com as instruções, é importante que os cuidadores e os pais saibam dos riscos para as crianças pequenas”, explica o pediatra e homeopata, Moises Chencinski.
Os autores destacam que o estudo quase certamente subestima o número de crianças feridas, todos os anos, por produtos de cuidados pessoais, porque não conta com os registros daquelas que são tratadas em casa, por um pediatra ou em uma clínica que atende emergências. Foram contabilizados apenas os atendimentos registrados no hospital.
Muitas lesões
A maioria das lesões relatadas foram envenenamentos, embora as crianças também possam sofrer queimaduras químicas ao manusear alguns produtos de higiene pessoal. As crianças assistem seus pais usarem esses itens e podem tentar imitar seu comportamento.
Como esses produtos costumam ser armazenados em locais de fácil acesso e normalmente não estão em contêineres resistentes, pode ser fácil para as crianças abrirem e terem acesso aos produtos. Os EUA têm requisitos para que alguns produtos mais obviamente perigosos tenham embalagens ou designs que impeçam crianças de abri-los, como “tampas à prova de crianças” em pílulas e alvejantes.
“Mas o mesmo não acontece com xampus, condicionadores, esmaltes de unhas ou maquiagem. Como esses produtos atualmente não precisam ter embalagens resistentes a crianças, é importante que os pais os guardem imediatamente após o uso e os armazenem em segurança, longe e fora de vista, de preferência em um armário com fechadura”, recomenda o pediatra.
Moises Chencinski, pediatra e homeopata. Site: http://www.drmoises.com.br Fanpage: https://www.facebook.com/doutormoises.chencinski/
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