Os brasileiros estão se casando menos de acordo com os números recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde 2015, o número total de registros de casamento vem em uma tendência de queda. Em 2021, foram celebradas 1.076.280 uniões. Em 2022, o número caiu para 970.041 casamentos. O mesmo estudo também mostrou que o tempo de duração das uniões também vem diminuindo ao longo dos anos. Em 2010, um casamento durou cerca de 16 anos. Em 2022, o número caiu para 13 anos e 8 meses. Nas grandes cidades, esse tempo médio variou de 15 a 17 anos, em 2010, e de quase 13 a 15 anos, em 2022. Mas, afinal, o que faz um casamento durar?
De acordo com Blenda Oliveira, doutora em psicologia pela PUC-SP e psicanalista, existem diversos fatores externos e internos que influenciam a ideia de casamento e também sua durabilidade e construção, o que segundo ela vem mudando ao longo do tempo. “O significado do casamento mudou profundamente nas últimas décadas. Antes, há 50 anos, manter um casamento era preciso por questões de sobrevivência, negócios envolvidos, medo do julgamento – o que era comum – e até por necessidade de mulheres que não eram independentes. Hoje, o casamento é mais complexo porque o sentimento vem antes, se não só, dos critérios anteriores.”, explica ela.
Blenda esclarece que existem 6 aspectos que podem auxiliar na construção de uma relação saudável. Ela pontua cada um deles e lembra que não existem segredos para uma relação longeva. “Esses aspectos podem ser balizadores, uma referência para que a pessoa “leia” o casamento, observe seu próprio papel ali e também do outro. Se houver amor e disponibilidade de ambos, é possível reforçar os aspectos e até gerar outros que fortalecem o casamento ou o namoro”.
1 – Compatibilidade psicológica
Ter a liberdade de compartilhar as coisas com quem se casou é algo fundamental na relação. “É desafiador para uma pessoa estar numa relação que o tempo todo ela precisa se defender e se calar diante do que está sentindo. Ter medo de compartilhar não ajuda na relação e promove o afastamento do casal”.
2 – Saber conviver a dois
Esse é um ponto desafiador numa relação, segundo ela. “Quando se está solteiro, você decide e organiza sua vida a partir de você mesma, então avalia o que é melhor para si e escolhe. Quando você namora ou casa, isso naturalmente muda. Considerar o outro é importante e necessário para a saúde do casal. Decisões devem ser pensadas em conjunto, ambos devem conhecer as necessidades um do outro para o melhor convívio. Faça perguntas básicas como: como aquela pessoa gosta de receber afeto? Como eu posso fazer aquela pessoa se sentir segura? Lembrando que ambos podem fazer isso”.
3 – Graus de consenso
Não é necessário ter as mesmas visões, mas uma relação saudável é importante que se tenha ali algo parecido que faça tomar decisões parecidas ou complementares. Do contrário, se cada um quiser ir para um lado, a relação pode gerar conflitos que desgastarão o namoro ou o casamento ao longo do tempo.
4 – Atração e vida sexual
A atração e a vida sexual são importantes no namoro e no casamento. “Muitas pessoas colocam isso como o primeiro da lista e pode até ser nos primeiros anos de relacionamento, mas ao longo do tempo essa intensidade dará espaço para para os outros aspectos que são tão importantes quanto. Mas sim, sexo importa e é importante”, explica Blenda.
5 – Ciclos de vida, pressões e frustrações externas
Mesmo que o casal tenha uma vida a dois, ambos também precisam da sua liberdade e vivem processos internos diferentes. Blenda reforça “que cada indivíduo na relação tem seu trabalho, seus familiares, lidam com pressões diferentes e ambos podem olhar e acolher isso, além de apoiar em objetivos pessoais, como uma promoção na carreira, uma viagem para um congresso. O casal pode olhar para essas necessidades individuais sem cada um se isolar, lembrar também desse contexto externo que influencia a relação, como familiares, e criar assim uma espécie de porto onde eles sempre podem se encontrar e fortalecer a relação”.
6 – Vantagens para permanecerem juntos
O casal pode construir uma relação saudável, ter filhos ou não e também gerar bens. “Todo o ser humano procura ganhar e todos também ficam onde acreditam valer a pena. Se a relação é saudável, se ambos são parceiros e encaram os desafios da vida, é natural que ambos queiram estar ali um para o outro. Talvez esse seja um dos aspectos importantes porque a segurança da relação acalma, promove tranquilidade e acolhe. É bom ter com quem contar e uma relação saudável existe isso”.
Blenda lembra que os aspectos ajudam a relação, mas é no cotidiano do casal que se coloca isso em prática. “Não existem manuais, cada casal é de um jeito e também não significa que ter menos aspectos a relação será ruim. Precisamos lembrar que relação amorosa é construção e o casal pode, se juntos quiserem ficar, fortalecer aqueles aspectos que ainda não estão firmes. Qualquer relação necessita de cuidado diário e para isso é preciso disposição e paciência”, finaliza a especialista.
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