A primeira infância é uma fase crucial no desenvolvimento humano, sendo reconhecida por especialistas como o período mais significativo para a formação de habilidades cognitivas, emocionais e sociais. Essa etapa compreende desde o nascimento até os seis anos de idade, em que o cérebro da criança passa por um processo extraordinário de crescimento e aprendizado. Justamente pela importância desse período, agosto foi escolhido como o Mês da Primeira Infância. A lei 14.617, que foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada no Diário Oficial da União em 11 de julho, institui a data e reforça a importância de ações voltadas para essa parte da população.
De acordo com a terapeuta materno-infantil Olívia Tani, é primordial que os governos e a sociedade olhem com atenção para essa fase. “Investir na primeira infância é investir no futuro. E proteger um novo ser humano desde a gestação é proteger o tesouro da humanidade. Todos os esforços direcionados ao início da vida deixarão frutos para toda a vida adulta e para uma sociedade mais pacífica e equilibrada”, explica.
Desde a concepção até os seis anos, o cérebro das crianças é altamente maleável e sensível ao ambiente, o que significa que as experiências vivenciadas nesse período têm um impacto profundo nas habilidades emocionais e intelectuais. Olívia explica que estudos científicos internacionais têm comprovado já há décadas que os primeiros anos de vida, contando desde a gestação, são o período que forma toda a base da estrutura de vida de um indivíduo nos aspectos físico, mental e emocional. “Por isso é essencial que pais e profissionais estejam preparados para cuidar dessa fase como um tesouro. Uma rejeição na gravidez ou um trauma vivido na primeira infância podem gerar prejuízos para o resto da vida da criança, se não tratados adequadamente” completa Olívia.
Depois de ter ajudado mais de 7 mil famílias com os diversos desafios da maternidade, Olívia vê como sendo urgente a expansão de consciência dos pais e da sociedade acerca dos efeitos negativos que uma infância emocionalmente negligenciada deixa para toda a vida. Segundo a especialista, a família desempenha um papel crucial na primeira infância, e para que ela consiga ser o porto seguro dos filhos desde bebês, os pais precisariam receber suporte emocional durante e após a gestação, em primeiro lugar. “Não há como exigir dos pais que eles proporcionem educação e cuidado que eles mesmos nunca receberam enquanto filhos. Mesmo que haja orientação sobre a forma mais adequada de se acolher os filhos, as memórias inconscientes são muito mais fortes do que o entendimento racional do que é mais adequado, por isso muitos pais não conseguem mudar suas atitudes mesmo sabendo que estão prejudicando as crianças”, afirma.
Segundo a especialista, agora pode ser a oportunidade para que pais e profissionais se unam em prol do bem maior da humanidade, pois protegendo uma vida desde que foi concebida e esta tendo a chance de ser gestada em um ambiente emocionalmente tranquilo e equilibrado resultará, ao final, em uma sociedade mais tranquila e equilibrada em todos os aspectos. “A sociedade mais pacífica que todos desejam começa em cuidar de sua semente. Alguns países já acordaram para isso e agora o Brasil poderá começar a plantar novas sementes de esperança.” – finaliza a terapeuta.
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