Geralmente, o início de um namoro gera muita felicidade para o casal. Os dois começam a planejar juntos o futuro e, com o passar do tempo, surgem muitos desafios inerentes à convivência. Em muitos casos, por mais que lutem para permanecerem juntos, a situação pode ficar insustentável quando não são feitos acordos e resolução de conflitos. Mas, afinal, quando é o momento certo de colocar um ponto final na relação?
Para entender sobre a necessidade de uma separação, é preciso conhecer a trajetória que levou a ela. De acordo com a Profa. Ma. Silvana Pinto Hartmann, do curso de Psicologia, no princípio de uma relação, há muita expectativa em relação ao outro. E isso é construído ao longo da vida, desde as primeiras relações as quais os indivíduos estão inseridos.
“Conhecemos modelos de como nos relacionar através dos nossos pais, tios, avós, entre outros. Se em uma família é comum a ideia de que um casal não pode se separar, devendo suportar todo tipo de situação desagradável para não ‘dissolver’ a família, pode ser que, não havendo questionamento desses valores, muitos membros acabem repetindo este funcionamento”, afirma.
Nesse sentido, é compreensível que as razões para um possível término sejam diversas. Em muitos casos, não costumam ter um único motivo, mas um somatório de situações. “Na prática clínica e nas pesquisas são identificados como os principais motivos de separação: traição, falta de investimento na relação, dificuldade na comunicação, pouca disponibilidade de se abrir com o parceiro (a), disputas de poder, falta de um projeto de vida em comum, problemas financeiros, desigualdade na divisão das tarefas e muito mais”, comenta.
A falta de diálogo e explicitação do que cada um deve fazer pode gerar frustrações e decepções, culminando num término. Com isso, Silvana diz que é preciso entender a individualidade alheia: cada pessoa carrega em si aspectos de sua origem. “É necessário deixar para trás alguns aspectos, pois não vão ser condizentes com a nova realidade. Por exemplo, na casa dos pais, uma pessoa não tinha a responsabilidade com o pagamento das despesas quanto a alimentação, aluguel, limpeza da casa e preparo das refeições. Ao morar juntas, essas questões deverão ser discutidas. E alguns casais estão acostumados com os papeis que socialmente são associados ao homem e a mulher, esperam que o outro tome iniciativa pelos afazeres que subentendem ser dele. Mas, é necessário organizar como farão, enquanto casal, as tarefas domésticas, considerando as possibilidades individuais e do casal”, reforça.
Por outro lado, muitos términos também ocorrem por conta de comportamento tóxicos. Silvana reforça que quando esses sinais começam a aparecer é hora tentar solucionar o problema. As atitudes muitas vezes iniciam sutilmente e podem ir se intensificando, causando sofrimento no outro. Os comportamentos tóxicos são aqueles que invalidam a individualidade do parceiro (a), havendo controle excessivo das ações, além de poder haver ciúme em excesso, manipulação, agressões verbais, ameaças, críticas, comparações e cobranças descabidas.
Em caso de uma pessoa do casal ainda amar o parceiro e a outra decide terminar, Hartmann esclarece que é preciso respeitar os sentimentos que surgem em decorrência disso e pensar que a elaboração do rompimento necessita de um espaço de tempo para ocorrer. E emendar o término com uma outra relação, de forma imediata, pode ser prejudicial. “Em alguns casos, não houve uma separação emocional do outro relacionamento, podendo aumentar a frustração e o impacto negativo disto. Nesse sentido, a terapia individual pode auxiliar a lidar com o término”, ressalta.
Já caso haja dificuldades e mesmo assim o casal compreenda que quer manter o relacionamento, “é necessário que conheçam as motivações pelas quais os mantêm juntos e também formas de lidar com os problemas. Nesse sentido, a terapia de casal pode auxiliar”.
Por fim, a professora salienta que, mesmo que se conheçam razões pelas quais os casais possuam dificuldades, é sempre necessário lembrar que cada caso é único e precisa ser pensado considerando as subjetividades e as realidades envolvidas.
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