Você se considera ansioso? De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 18 milhões de brasileiros sofrem de ansiedade. O transtorno está entre os mais comuns no mundo, e foi agravado durante a pandemia da Covid-19. Mas existem diversos gatilhos que podem piorar a situação, por isso, nessas horas é fundamental ter muita cautela e paciência.

O médico psiquiatra Ariel Lipman, coloca em pauta a importância de tratar o transtorno ansioso com a validação que ele merece. De acordo com o especialista, em muitos casos falta empatia, um simples ato para se colocar no lugar do próximo. Em outras situações, é comum o excesso de preocupação, que pode prejudicar ainda mais alguém que está em crise.

“O importante é ter equilíbrio e tentar manter a calma sobre a situação, já que a pessoa ansiosa em crise não vai conseguir fazer isso a curto prazo. Ouvir mais do que julgar é crucial para a melhora do cenário, Em casos extremos, é preciso ajudar o indivíduo a controlar a respiração, auxiliando-o a ritmá-la”, comenta o médico. Ele ressalta também que a ajuda terapêutica médica é indispensável. “Aquele que vive com ansiedade precisa aprender a conviver com ela sem sofrer”, pontua.

Mas como ajudar as pessoas que são acometidas com o transtorno mental? De acordo com o médico psiquiatra, existem muitas formas de ajudar, mas é importante entender que, até mesmo nas melhores intenções, algumas coisas não devem ser ditas para as pessoas que têm ansiedade.

Confira quais são:

“Mantenha a calma”

A expressão “é mais fácil falar do que fazer” se encaixa muito bem nesse caso. Quando uma pessoa está em crise ansiosa, essa fala é uma das mais prejudiciais, senão a pior. A vítima da ansiedade gostaria de estar calma, e, por isso, não é de grande ajuda indicar o que ela deveria estar fazendo.

Vale lembrar que crises não são fáceis de controlar, assim como manter o equilíbrio perante uma situação estressante. “O fato de o indivíduo não conseguir moderar algo incontível pode, consequentemente, reduzi-lo a uma culpa e incapacidade que, na realidade, é desumana”, explica o dr. Lipman.

“Você está exagerando”

Quando alguém diz isso para uma vítima de ansiedade está diretamente invalidando o sentimento e a dor daquele que sofre. Essa fala propaga falta de empatia com a vítima – algo que a pessoa com ansiedade não precisa.

Em casos como esses, pode haver uma piora no quadro da vítima, pois ela mesma pode questionar suas emoções. Para controlar ao mínimo uma crise ansiosa é preciso ter consciência de que ela é, antes de tudo, verídica e válida.

“Já não basta a invalidação pessoal sobre os obstáculos e suas consequências naqueles que sofrem de ansiedade. É injusto que pessoas de fora anulem, colocando o quadro ansioso como exagero. Essa ação pode gerar gatilhos enormes, dificultando ainda mais a melhora do paciente”, comenta o médico.

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“Eu te entendo!”

“Não, você não entende”, diz o médico. Uma situação é reconhecer a dor do próximo e se colocar no lugar dela e outra, completamente diferente, é a diferença da compreensão e atuação daquele que está em crise e a de quem vê de fora.

Mesmo que aquele que está tentando auxiliar um ansioso também sofra de ansiedade, esse transtorno não age da mesma maneira para todos. Desse modo, é injusto se impor dessa forma, como se você soubesse exatamente o que o próximo está enfrentando. “Ao invés disso, tente distrair a pessoa – pergunte a ela qual é o seu filme favorito para afastá-la de pensamentos ansiosos”, recomenda o psiquiatra.

“Você tem que superar”

Como dito anteriormente, alguém com ansiedade, muitas vezes, não consegue controlá-la como deseja. Dessa forma, dizer o que o indivíduo na situação deve fazer, especialmente no momento que não há condições para a execução do objetivo, irá atrapalhar mais do que ajudar a vítima.

“Muitas vezes, ao observarmos alguém em crise, parece óbvio o que essa pessoa tem que fazer para driblar suas dores, mas esse indivíduo não está em condições para agir dessa forma. Existem múltiplas formas de indicar e aconselhar pessoas com ansiedade – as piores delas são as cobranças sobre algo que não são capazes de controlar”, alerta o dr. Lipman,

“Eu também sou ansioso”

É normal uma pessoa ficar ansiosa antes de um encontro, uma entrevista de emprego ou algum outro evento importante, mas isso não interfere na sua qualidade de vida como um transtorno mental, muito menos trata-se de uma doença como a ansiedade.

“Muitas pessoas comparam o fato de estarem ansiosas para determinada situação com o transtorno de ansiedade, mas são coisas diferentes. A pessoa que sofre com o transtorno ansioso não precisa de um motivo para ter uma crise, ela precisa ser tratada e compreendida”, finaliza o médico psiquiatra.

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