Antes de tudo, é importante saber que a relação tóxica é uma relação disfuncional, ou seja, é um modo de relacionamento amoroso ou não, em que se observa uma forma assimétrica de se relacionar. Verifica-se uma tentativa de poder sobre o outro.
Uma relação tóxica também se configura como uma relação empobrecida do ponto de vista emocional, pouco criativa, permeada por um vínculo destrutivo que é alimentado pela dependência emocional. Esse tipo de relação não necessariamente está atrelada a relações entre namorados ou cônjuges, mas também entre pais e filhos, mãe e filhas, irmãos, colegas de trabalho, entre outros.
Para a psicanalista Renata Bento, a pessoa se sente refém do relacionamento, isto é aprisionada, com sua autopercepção, autoestima e capacidade de pensamento crítico abaladas, além de falta de respeito que é observada. A especialista explica ainda que a relação tóxica ocorre entre uma dupla, um dos envolvidos ativa no outro pontos específicos que são frágeis e causam sofrimento, e sair dela não é um processo muito fácil.
“Sair de uma relação tóxica não é simples, porque existem muitos aspectos inconscientes na dupla. Para conseguir se afastar é importante ter consciência de que está se vivendo dessa forma, se fortalecer emocionalmente, buscar rede de apoio, isto é ajuda familiar, amigos e algumas vezes a necessidade de acompanhamento psicológico”, disse.
Ela acrescenta que “o fortalecimento emocional implica em conhecer suas próprias fragilidades de modo consciente para que possa distinguir as críticas como alguma coisa que é de fato real ou apenas uma projeção dos sentimentos da pessoa que são arremessados”, explica.
Renata afirma ainda que o prejuízo emocional provocado por este tipo de relação pode gerar uma espécie de vício que aprisiona as pessoas, interfere na autoestima, pode diminuir o rendimento em suas atividades cotidianas, já que o esgotamento se torna algo constante.
A pessoa envolvida em uma relação tóxica pode somatizar tudo o que sente, jogando no corpo o que não foi possível ser metabolizado ou elaborado na mente, podendo inclusive perder a noção de quem é. “A maior dificuldade é ter a percepção de que a relação que se está vivendo não é funcional ou saudável. As pessoas tendem a não perceber e acabam se acomodando no sofrimento”, afirma.
Renata lista algumas dificuldades que podem ser observadas:
- Econômicas: vinculadas a dependência financeira do parceiro (o);
- Afetivas: vinculadas a dependência emocional do parceiro (a), a presença do medo de se sentir desamparado, receio de se deparar com o desconhecido ao sair da relação, temor em não conseguir refazer a vida amorosa, em caso de relação entre namorados ou cônjuges, medo de perder aquele emprego, em caso de situação relacionada ao trabalho.
É importante lembrar que nem todas as relações são iguais e existem duplas que funcionam muito melhores do que outras, seja no trabalho, nas relações amorosas, ou com amigos. Outro ponto é refletir que é preciso iluminar os aspectos inconscientes que levam a pessoa ao comportamento repetitivo, ou seja, faz com que ela tenha experiências desagradáveis sem que perceba seu grau de responsabilidade nisso.
Tudo isso para dizer que ninguém está obrigado a suportar algo que é insuportável, você pode buscar a mudança, mas observe, essa mudança está em você mesmo.
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