O Transtorno do Espectro Autista (TEA), vem deixando de ser um tabu e tem sido abordado cada vez mais na sociedade, com informações na internet, séries, filmes e redes sociais. No entanto, há muito o que se descobrir e discutir sobre a doença, especialmente sobre como é feito o seu diagnóstico.

Com a criação do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição ou DSM-5, que é um manual diagnóstico e estatístico desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais, o TEA foi classificado em um grupo de Transtornos do Neurodesenvolvimento, juntamente com o TDHA (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), Transtorno específico da aprendizagem, Transtorno do desenvolvimento intelectual, Transtorno da comunicação e Transtornos motores.

De acordo com a neurologista infantil e da adolescência, mestranda em Neurociências com ênfase no Tratamento do autismo, Gladys Arnez, os transtornos do neurodesenvolvimento são aqueles que provocam um déficit no comportamento pessoal, social e também acadêmico.

“Esses transtornos podem ir de leves, como os transtornos específicos de aprendizagem, até aos quadros mais incapacitantes como por exemplo, o transtorno de espectro autista, que dependerá muito do grau e do nível que a criança apresenta”, analisa.

Principais sintomas

De acordo com o Manual DSM5, os principais sintomas do Espectro Autista, são:

1. Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação e nas interações sociais

  • Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal, usados para interação social. “A verbal seria o atraso da fala, mas nem todos tem, principalmente a criança com Asperger, que no geral apresenta uma boa comunicação verbal”, explica Gladys Arnez.
  • Falta de Reciprocidade Social: Quando a criança não se importa muito com a interação social, prefere ficar sozinha, vivendo em seu próprio mundo e fazendo somente o que gosta.
  • Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade, as crianças preferem ficar sozinhas, inclusive as que possuem síndrome de Asperger. No geral, elas se interessam por um assunto e ficam tão boas naquilo que cansam os outros. “Se seu interesse for em nome de países, então ele começa a falar só deste assunto e não gosta de ser interrompido e isso acaba cansando as outras pessoas e muitas vezes, por isso, ele acaba sofrendo bullying”, explica Gladys.

2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades

  • Comportamentos motores ou verbais estereotipados ou comportamentos sensoriais incomuns: A ecolalia, a fala repetitiva muitas vezes durante o dia. “Também estamos falando das estereotipias motoras, balanço do corpo, das mãos, inclusive muitas crianças podem bater a cabeça quando estão irritadas”, comenta.
  • Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento: É comum, por exemplo, a criança querer comer sempre no mesmo prato, a mesma comida. Ou quando na idade adulta, a pessoa vai querer comer sempre no mesmo restaurante, na mesma mesa, vai querer ser atendida pelo mesmo atendente. São comportamentos ritualizados. Os rituais fazem parte da vida do autista.
  • Interesses restritos, fixos e intensos.

A neurologista ainda explica que, geralmente, essas crianças vão querer brincar com a mesma brincadeira ou assistir os mesmos desenhos repetitivamente. Nada impede que elas brinquem com outras crianças, mas elas optam por brincar sozinhas.

O TEA também pode ter relação com outros diagnósticos que a criança tenha ou venha a ter, mas que dependerão muito da idade dela. Por exemplo, o Transtorno de ansiedade, é mais comum durante a adolescência. O autismo não aparece sozinho, no decorrer do tempo muitas outras doenças podem ser diagnosticadas.

Ainda segundo a especialista, muito se fala que os Transtornos do Neurodesenvolvimento correspondem a 10% da população infantil, um número alto e bastante preocupante. Gladys orienta, que assim que os pais percebam qualquer sintoma, a criança deve ser levada a um neurologista infantil para que um diagnóstico mais preciso seja feito. 

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