A palavra Consentimento significa permissão, mas a questão é: como educar uma criança para que ela entenda o que ela pode ou não permitir?

O “Não” que pode livrar nossos filhos de situações de risco.

Falar sobre consentimento é ensinar limite, respeito, compreensão e autoconhecimento para o indivíduo.

A Educadora em Sexualidade Lilian Macri, exemplifica bem o conceito de consentimento na educação dos nossos filhos e no nosso no dia a dia.

Consentimento é algo que devemos ensinar aos nossos filhos já na primeira infância. As brincadeiras são uma excelente oportunidade de ensinar na prática o que é consentimento. “Estipule as regras sempre antes da brincadeira, por mais que seja explícita, explique exatamente quais são as regras.

Negocie com a criança, se alguém se cansar no meio da brincadeira, por exemplo, e queira parar de brincar, que estará tudo bem, o outro deverá ser respeitado na sua decisão. Esse também é um exercício de ensinar a criança ter empatia e a compreender o outro. Os pais são os intermediários, que irão ensinar para essa criança que se num primeiro momento não quiser brincar, precisa do consentimento do outro, para entrar na brincadeira novamente”.

Com relação ao corpo, todas as partes do deverão ser respeitadas, criança não precisa abraçar e nem beijar ninguém. “Para cumprimentar as pessoas, a criança pode apenas dizer bom dia, boa tarde e boa noite, não é necessário beijar e abraçar sem que ela queira. Nos genitais, durante o banho, os pais precisam, dizer quem são as pessoas que podem tocar nas partes íntimas da criança para higienização. E deixar claro, que é só para higienização e se caso alguém a toque de forma diferente, oriente a contar para a pessoa que a criança mais confie (circulo de confiança já definido). Ensine a criança a dizer NÃO.

Diga claramente para a criança que se alguém tocá-la, ela deve dizer NÃO. E este não deve ser treinado. Por exemplo: Filha, você quer comer jiló no jantar? A criança vai dizer não com vontade. O exemplo é importante, porque pode acontecer da criança ficar envergonhada para dizer não, a uma pessoa conhecida. Ela tem que aprender a falar não para a essa pessoa”.

Já na adolescência, o consentimento protege contra os relacionamentos abusivos, tanto na vida amorosa, como nas amizades e trabalho. Aprender a dizer não e respeitar o não do outro é fundamental, mas precisa ser ensinado e aprendido, tanto na família quanto na escola.

De acordo com dados da UNESCO os adolescentes iniciam a vida sexual muitas vezes pelos motivos errados, que por vezes os coloca em situações de risco. “Geralmente, os adolescentes transam para dar uma prova de amor, porque todo mundo já transou, para agradar a turma, entre outros. Falar sobre consentimento é se conhecer para dizermos a nós mesmos e aos outros quais são nossos limites”.


Lilian Macri é mãe, médica (CRM 99193), pós-graduada em sexualidade pela Universidade de São Paulo, em educação em sexualidade pela UNISAL e especialista em terapia sexual pela SBRASH. Atua como colaboradora do Projeto Afrodite da UNIFESP, no ambulatório de disfunções sexuais femininas. É idealizadora do Movimento Educando para a Vida, que visa à inclusão da família e da escola na construção de valores éticos com os filhos/alunos, priorizando a humanização das relações e pessoas envolvidas. A ideia é trabalhar os três pilares: família, escola e filhos/aluno. Autora do livro “Mamãe, o que é sexo? Vem que eu te ajudo com a resposta!”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *