O diálogo aberto e terapia familiar podem ajudar no processo da alienação parental.

Você sabe o que é alienação parental? Ela ocorre quando um dos pais, avós ou qualquer parente que tem a guarda da criança o manipula em situações que podem influenciar psicologicamente toda a sua vida.

Essa prática já existe há muito tempo, mas ela está mais em evidência atualmente, até pela lei 13.431/2017, em vigor desde abril de 2018. Mas, como funciona esse processo e como evitá-lo? Até que ponto essa lei consegue ser eficaz no Brasil?

O Instituto do Casal, organização que se dedica a pesquisas e educação em relacionamentos e sexualidade humana, explica que as crianças podem se sentir abandonadas ou até passam a ter um sentimento de ódio e rancor quando a pessoa responsável a manipula contra outra pessoa do seu convívio familiar e afetivo. “Muitas vezes a alienação parental funciona como vingança, principalmente com o término do relacionamento. Um dos pais acaba por optar que a criança fique afastada da outra parte de maneira autoritária e nada saudável, o que compromete todo o processo de educação e demonstração de afeto que essa criança precisa ter”, explica a psicóloga Denise Figueiredo.

Existem controvérsias com relação a lei

Muitos pais acabam sendo injustiçados em relação à lei de Alienação Parental, que pode ser caso de Justiça e gerar uma ação judicial na Vara da Família. Porém, em alguns casos, pessoas se aproveitam da lei para agir de má fé. “Muitos genitores podem estar protegendo seus filhos de algum abuso e isso não é considerado Alienação Parental. Por isso, todo o processo tem que ser avaliado, de preferência em terapia com os genitores e as crianças envolvidas. Atualmente tudo pode ser brecha para uso indevido, infelizmente”.

Como a alienação pode afetar a criança

Manifestação de aversão

Para a psicóloga Marina Simas, um comportamento comum da criança é manifestar uma aversão estranha com relação ao genitor que a mãe, pai ou parente está excluindo. Essa aversão pode ser desde não querer ver a pessoa em questão até falar coisas que não foram pensadas por ela. “A criança pode criar um medo causado pelo genitor, principalmente com relação ao afeto do outro. Uma mãe pode falar para o filho que o pai o abandonou quando na verdade, ele apenas fez a escolha de decidir não estar mais em um relacionamento”.

Saúde da criança

Dependendo da situação de alienação parental, a criança pode ficar doente com frequência, apresentar sintomas de depressão e baixa autoestima. “A criança pode achar que a culpa de toda a situação é dela e assim se recusar a brincar, a participar de atividades em família e até mesmo pode vir a ter pequenas doenças, por todo essa situação desgastante”.

Como evitar ou tratar a Alienação Parental

Recorrer à Justiça deve ser o último caminho. O Instituto do Casal aconselha trabalhar com duas frentes importantes: diálogo aberto entre genitores e crianças e terapia em família.

Para o membro da família que está sendo “agredido”, esse deverá se comunicar com a criança com muito diálogo e sinceridade, nunca o colocando contra a outra parte.

Se há problema no relacionamento dos adultos é indispensável procurar ajuda profissional. “Se os pais estão com problemas é preciso que eles também os resolvam. A criança não terá essa resolução sozinha. A terapia familiar pode ajudar nesse caso, principalmente para colocar cada um dos familiares no seu devido papel com relação a criança”.


Denise Figueiredo é psicóloga e sócia-diretora do Instituto do Casal e Marina Simas também é psicóloga e sócia-diretora do Instituto do Casal. O IC se dedica a pesquisas e educação em relacionamentos e sexualidade humana. A organização visa proporcionar autoconhecimento e terapias para casais, além de atuar na consultoria de profissionais da área de saúde e educação que procuram ampliar e se aprofundar nos temas relacionados à qualidade dos relacionamentos afetivos e sexuais. www.institutodocasal.com.br

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