Brasileiras lutam pelo reconhecimento do pole dance como atividade esportiva. Com campeonatos e eventos, academias fomentam o crescimento da modalidade. Federação Brasileira de Pole Dance já cadastrou mais de 200 estúdios no país.

Todo mês de fevereiro é a mesma coisa: para celebrar o carnaval, a professora de pole dance Vanessa Reichert e suas alunas organizam o Carna Pole. Em São Paulo, no beco do Batman, elas instalam um palco onde realizam performances e tiram fotos. O carna pole faz parte de um extenso calendário de atividades com objetivo de divulgar a modalidade.

A ação visa incentivar e alicerçar o crescimento da atividade no país. “A gente pratica em parques, em datas comemorativas e até mesmo em postes na rua. Tudo para mostrar que o pole é um esporte que pode ser praticado por qualquer pessoa”.

Junto com o crescimento do número de estúdios está a segmentação do pole em diferentes categorias, como dance, fitness, esporte, sensual e acrobático. A essência principal do Pole, no entanto, sempre será a mesma: o ato de realizar acrobacias numa barra vertical. “O pole evoluiu muito, ganhando adeptos que vieram de outras modalidades como circo, ginástica rítmica e artística e danças”.

O marco da história do pole no Brasil foi o nascimento, em 2009, da Federação Brasileira de Pole Dance (FBPOLE), entidade responsável por fomentar a modalidade artística e esportiva.

Uma das principais conquistas da Federação foi a criação, para os campeonatos no Brasil e no exterior, de um Código de Regras e Arbitragem. Hoje ela é a única entidade brasileira autorizada a formar árbitros de pole dance nos países sul- americanos. “O papel da federação hoje é transformar o pole dance em uma atividade física reconhecida e respeitada. Não no sentido de negar suas origens ou as suas vertentes de dança, mas mostrar que o pole pode ser uma atividade física, de alto rendimento, com queima calórica e que pode proporcionar mudanças físicas e mentais”, explica Vanessa Costa, atual presidente da FBPOLE.

A entidade é responsável pela realização do maior campeonato do mundo, a Pole World Cup que já na primeira edição, em 2011, contou com a vinda de 68 atletas oriundos de 14 países. A FBPOLE também já reuniu mais de 4 mil assinaturas pela legitimação da modalidade. “Cada vez mais vejo a mudança do olhar e de atitude das pessoas com relação à modalidade. Temos excelentes atletas no Brasil e a tendência é aumentar cada vez mais”.

Campeonatos: fortalecimento e visibilidade

Os campeonatos ajudam no reconhecimento da modalidade como esporte. Para ser ter uma ideia, à semelhança da ginástica olímpica, as apresentações combinam uma coreografia executada e sincronizada com um acompanhamento musical, além de séries com movimentos obrigatórios e livres, que devem ser executadas sem esforço aparente, isto é, com leveza e harmonia. São disputados de modo individual (masculino e feminino) ou por duplas.

Vanessa já participou de campeonatos na vertente fitness e sensual. “Meu objetivo era conseguir fazer a coreografia sem errar ou cair. Consegui nos dois. Não participo mais porque não consigo ser professora e atleta de qualidade ao mesmo tempo. Mas procuro levar toda essa experiência para as minhas alunas”.

Mas engana-se quem pensa que para praticar o pole dance é preciso treinar como uma atleta. O pole é altamente inclusivo, não havendo restrição de idade ou peso. Por exemplo, o pole dance contempla aquecimento, séries de fortalecimento, movimentos como giros e inversões, e também relaxamento. “O pole trabalha todos os músculos de uma vez e chega a queimar de 300 a 500 calorias em uma hora. Além disso, as aulas são todas de nível misto, ou seja, cada aluna treina e se desenvolve no seu ritmo”.

Desafios do Pole no Brasil

Profissionalização. Essa é a palavra que define, segundo a Presidente da FBPOLE, o principal desafio do pole no Brasil. “A gente precisa profissionalizar as professoras, as escolas, investir em especialização e em estudo fora do país porque os melhores atletas ainda são de fora”, que ressalta o importante papel da imprensa. “Quanto maior a promoção da modalidade, mais olhares a gente vai atrair e mais gente vai conhecer. Eu acho que esse é o caminho”.

Ainda assim, as escolas e academias têm um papel fundamental de promover a modalidade e de fazer com que o pole seja cada vez mais respeitado como esporte. “Temos trabalhado para promover e difundir a prática com nossos eventos e apresentações, levando cada vez mais qualidade para o estúdio”.


Vanessa Reichert é professora de pole dance e proprietária do estúdio V, localizado em São Paulo.

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