A falta de atividade física, destrói a boa condição de qualquer ser humano, enquanto o movimento e o exercício físico o salva e o preserva. Platão (428 a.C – 348 a. C).
A tendência ao sedentarismo aumenta no mundo e já é responsável pelo quarto maior fator de risco de mortalidade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A ausência de uma disciplina de atividades físicas como causa de morte só perde para as doenças relacionadas ao aumento da pressão arterial, ao fumo e à glicemia elevada. Estudos mostram que várias doenças são atribuídas à falta de exercícios físicos regulares. No Brasil, metade da população não pratica nada, segundo a pesquisa.
De acordo com os estudos, o sedentarismo é responsável por pelo menos 21% dos casos de tumores malignos na mama e no cólon, assim como por 27% dos registros de diabetes e 30% das queixas de doenças cardíacas e desenvolvimento da hérnia de disco e dores nas costas. Para a OMS, é fundamental alertar as populações sobre os benefícios dos exercícios físicos regulares.
Maior inimigo da saúde da coluna
Segundo o ortopedista Dr. João Paulo Bergamaschi, “se você é sedentário e deixa de praticar alguma atividade física, as estruturas da coluna podem ser atingidas por várias doenças, inclusive a hérnia de disco, gerando um quadro de dor permanente nas costas. Por isso, é muito importante para a saúde da coluna que os discos intervertebrais sejam fortalecidos e lubrificados, e esse é um dos grandes benefícios da prática de exercícios. Os discos estão entre os ossos da coluna (vértebras) e funcionam como uma espécie de amortecedor”.
Marcio Atalla, que é professor de educação física, diz que 20 minutos diários de exercícios já seriam suficientes para sair das estatísticas e ganhar mais saúde. Somos apenas 8% de adultos considerados ativos aqui no Brasil, e nossa população de obesos e pessoas com sobrepeso importante já é de 50% da população total.
Alguns fatores impedem a prática de atividade física
As pesquisas foram feitas com três grupos distintos: crianças e adolescentes com idade de 5 a 17 anos, jovens e adultos com idade de 18 a 64 anos e homens e mulheres com mais de 65 anos.
Entre os adolescentes (11-17 anos), quatro em cada cinco são sedentários. Nos adultos, o sedentarismo está presente em 23% dos indivíduos; já nos mais jovens, esse índice é de 81%.
No caso da criança, o mundo atual tem oferecido uma série de opções que facilitam e, consequentemente, agravam a “não procura” por atividade física. São elas: alimentos industrializados, fast-foods, videogames, computadores etc. Tudo isso predispõe também à prevalência da obesidade infantil.
Para os jovens, alguns fatores também contribuem, como: falta de tempo e motivação, apoio insuficiente e falta de orientação dos adultos, sentimentos de vergonha ou incapacidade, falta de locais seguros e atrativos e a simples ausência de conhecimento das vantagens e benefícios de ser ativo.
Nas mulheres, entre as primeiras cinco barreiras para a prática da atividade física, foram citadas a falta de companhia; a falta de interesse (mais comum nas mulheres de 65 a 74 anos); a fadiga; problemas de saúde; e a artrite. Em mulheres maiores de 75 anos de idade, problemas de saúde e funcionais, como medo às quedas, por exemplo, foram as principais barreiras mencionadas.
Para Dr. João Paulo Bergamaschi, as políticas públicas devem promover na população o estímulo à adoção da recomendação atual da atividade física, encorajando os indivíduos de todas as idades. “Recomendo que as atividades esportivas e os exercícios físicos sejam realizados em todas as fases da vida, pois correr, nadar, andar de bike, jogar futebol, vôlei, basquete, caminhar, entre outras atividades, são ações muito importantes para a saúde e fortalecimento dos músculos e dos discos intervertebrais da coluna”.
Dicas e recomendações de atividades físicas
Crianças e esporte
As crianças precisam brincar, experimentar atividades diferentes e, possivelmente, se apaixonar por alguma coisa esportiva, despertando para uma vida mais saudável através das atividades, do esporte e do lazer. Deve ser hábito cotidiano! Quem foi sedentário na infância e/ou na adolescência costuma trazer para a maturidade heranças da inatividade.
Correr, nadar, jogar futebol, vôlei, basquete, entre outros, estão entre as atividades mais recomendadas.
Adolescentes e jovens
Para os adolescentes, a recomendação de atividades físicas é maior que para os adultos. Para se ter uma boa saúde, é necessário e importante que se realize aproximadamente 60 minutos diários de atividade física moderada a vigorosa.
A prática de atividades físicas na adolescência diminui o risco de câncer de mama, fraturas ósseas, hipertensão arterial e altos índices de gordura corporal na fase adulta, além de contribuir também para aptidão cardiorrespiratória. A autoestima diminui os níveis de stress do adolescente.
Correr, surfar, jogar futebol e nadar devem ser atividades muito estimuladas nessa faixa etária.
Adultos
Realizar pelo menos 30 minutos de atividade física moderada por dia, na maior parte dos dias, de forma contínua ou acumulada é fundamental. Os adultos devem ainda realizar atividades que mantenham ou aumentem a força muscular e a resistência em pelo menos dois dias da semana.
Uma corrida diária, ou caminhadas mais rápidas podem render anos de vida saudável.
Idosos
A força muscular sofre uma diminuição de aproximadamente 18 a 20% após os 65 anos. A flexibilidade diminui em torno de 20% entre os 25 e 65 anos. Com o decorrer da idade, a elasticidade e estabilidade dos músculos, tendões e ligamentos se deterioram, e a massa muscular diminui em proporção ao corpo, o que leva a redução da força muscular.
Nessa etapa da vida, manter-se ativo é fundamental e deve-se realizar protocolos leves, porém que aumentem o fortalecimento dos músculos e da coluna.
Dr. João Paulo Bergamaschi é ortopedista e cirurgião de coluna, diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa CK e da Clínica Kenendy São Paulo. Diretor do Comitê no Brasil da International Society of Endoscopic Spine Surgery ISESS, Membro da Federação Européia de Ortopedia – EFORT (European Federation of National Assocations of Orthopaedics and Traumatology), Membro da AOSpine International Switzerland (Suíça), Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Coluna – SBC. http://cksp.com.br/
Marcio Atalla é Professor de Educação Física, com especialização em Treinamento de Alto Rendimento e pós-graduação em Nutrição, pela USP. Especialista em qualidade de vida e saúde, ministra palestras em todo o país, levando informação séria de uma forma aprazível e clara. www.marcioatalla.com.br
Fontes: OMS. Joint WHO/FAO Expert Consultationon Diet, Nutrition and the Prevention of Chronic Diseases. Geneva,Switzerland,2017.
Link da pesquisa OMS – http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/272722/9789241514187-eng.pdf
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