Quantas vezes ao dia você se alimenta, seja através de refeições completas, seja dos pequenos “beliscos”? E, dessas vezes que você se alimentou, em quantas, realmente, você sentia fome?
É relativamente comum que os alimentos que entram pela nossa boca durante o dia, sejam numa quantidade maior do que a necessária à nossa subsistência e nem sempre nos damos conta disso. Dessa forma é fácil perceber que aquilo que nos move a comer, muito longe de se tratar apenas de necessidades orgânicas, tem origens que percorrem outros caminhos.
Desde muito cedo, a comida nos é apresentada e, a partir daí ela começa a assumir papéis dos mais diversos e que nos acompanharão por toda nossa vida, quase como um personagem oculto, imperceptível, mas extremamente atuante.
Infância
Além de alimentar, a amamentação oferece ao bebê, sensações de acalanto, bem estar e conforto. À medida que vai crescendo, a criança vai entendendo a comida (de acordo com as experiências obtidas em torno desse alimento), como ferramenta de aceitação, uma vez que é comum ouvir dos pais/educadores, sentenças como: “Raspa o prato, porque assim eu vou ficar feliz com você!”, ou: “Se você não comer tudo, vai ficar de castigo!”.
Idade Adulta
Na adolescência e idade adulta, a comida passa também a ter o papel de inclusão e laser. Longe de serem experiências soltas e sem maiores consequências, tudo isso tende a ser armazenado naquilo que chamo de “arquivo emocional”, que cria nossas crenças ou verdades interiores.
Uma vez que essas crenças são determinantes para atuarmos na vida, nota-se aí uma ligação estreita entre esses papéis representativos do alimento e nossa forma de nos alimentarmos.
Se desde cedo aprendemos que o alimento nos gera sensações de bem estar, conforto, aceitação e pertencimento, nada mais esperado que, quando estivermos nos sentindo desconfortáveis, deprimidos, pouco aceitos e uma série de outras emoções angustiantes, busquemos no alimento uma forma de nos sentirmos bem.
Pelo menos é essa a intenção (não consciente), por trás dos nossos hábitos alimentares desregrados.
Resumindo: o alimento vem para preencher nossos “vazios emocionais”.
Daí a importância de nos questionarmos sempre que a vontade de algum alimento surgir:
- Você está com fome?
- Você está com fome do quê?
Dependendo da resposta, é mais produtivo buscarmos formas de lidar com as questões emocionais que estão por trás dessa necessidade, do que corrermos o risco de comermos e nos sentirmos frustrados logo a seguir.
Monica Martinez de Seixas é psicóloga clínica. Atua nos processos de luto e emagrecimento, através da Terapia Cognitiva Focada na Narrativa e na Compaixão. E amiga e colaboradora do portal Plena Mulher. https://www.facebook.com/psicologamonicamartinez/
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