O futuro do amor na era do Wi-Fi. A tecnologia ajuda a estreitar o relacionamento entre as pessoas, porém não dura como antigamente.

Se o ritual de se arrumar para sair à noite e conhecer novas pessoas na balada ou nos bares, era algo sagrado para muitos, agora começa a se tornar praticamente nostálgico. Hoje em dia com aplicativos de música e de paquera quem precisa sair de casa para ir à boate?

A tecnologia

Não é surpresa para ninguém que o avanço tecnológico, a criação dos smartphones e a aquisição de um celular inteligente, tem ficado cada vez mais fácil. Atualmente, existem 198 milhões de aparelhos em uso e, de acordo com pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), cada brasileiro terá um smartphone até o fim de 2017.

Atualmente, as novas gerações têm se mostrado mais predispostas a ficar em casa assistindo a Netflix e conhecer pessoas por meio de aplicativos de relacionamento, como o Tinder, ao invés de ir até uma casa noturna. Isso não é de se surpreender, uma vez que o brasileiro passa em média 4 horas conectados à internet em celulares e tablets e 5 horas em computadores, segundo dados da agência nacional We Are Social.

Amor líquido

Mesmo com a facilidade de se conhecer pessoas online e depois partir para o relacionamento pessoal, a satisfação é momentânea. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman diz que vivemos em tempos de “amor líquido”, em suas pesquisas ele analisa os sites de encontros e percebe o grande agrado das pessoas em esquecer o outro facilmente, sem o menor remorso em “trocar” de parceiros caso seja rejeitado ou até mesmo deixado no limbo do silêncio na tela do chat.

Para Bauman, a qualidade das relações diminui tanto que é preciso recompensá-la com uma quantidade alta de parceiros – no caso do Tinder, matches. Devido a este comportamento de quantidade sobre qualidade, outras formas de relacionamento passam a acontecer sem necessariamente envolver a conexão humano para humano, mas humano para robôs.

Como serão as relações no futuro

No filme “Ela”, dirigido por Spike Jonze e estrelado por Joaquim Phoenix e Scarlett Johansson, o cineasta apresenta uma nova ótica sobre os relacionamentos. Theodere (Phoenix) é um escritor solitário que após uma dolorosa separação, resolve atualizar o celular com um novo sistema operacional, com inteligência artificial (IA) que aprende e evolui com base nas respostas que recebe de Theodere.

O tal sistema operacional chama-se Samantha, semelhante a Siri no iOS, e tem a voz de Scarlett Johansson, sussurrando ao ouvido de seu dono. Quanto mais a inteligência artificial de Samantha aprende e entende o jeito de Theodere, mais ele começa a se apaixonar pela voz da IA.

Tudo poderia passar somente de uma história fictícia, porém o relacionamento entre humanos e máquinas é algo que já acontece e está moldando o futuro do amor. Em reportagem do G1, no Japão, homens estão deixando de se relacionar com mulheres reais para se casar com bonecas realísticas e menos interessados em ter relações sexuais.

O autor e pesquisador David Levy, publicou em 2007 o best-seller Amor e sexo com robôs, do qual afirma que há possibilidades reais de casamento com robôs até 2050. Em entrevista à Época, o pesquisador ainda crê nesta relação. “Minha expectativa é quase a mesma de dez anos atrás. Especificamente, ainda acredito que as pessoas vão se apaixonar por robôs a ponto de casar com eles, e esse tipo de casamento será considerado legal em alguns países em torno de 2050. Ainda acredito que as primeiras uniões devem ocorrer em Massachusetts, nos Estados Unidos”, afirma.

Alguns futurologistas acreditam que no futuro haverão implantes de chips para realidade aumentada. Imagine a cena: você está caminhando pela rua quando alguém chama sua atenção. E à medida que se aproxima, as lentes de contato de realidade aumentada projetam o nome da pessoa e ao lado uma placa que sugere tópicos de conversação antes mesmo de ouvir a voz da pessoa. Isso é muito Black Mirror.


Diego Pinheiro é jornalista do Aquelas Coisas. www.aquelascoisas.com.br

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