60% dos conflitos familiares são entre noras e sogras e apenas 15% entre genros e sogras.
Em um país em que a expectativa de vida da população aumentou e que os idosos já são mais de 20 milhões, é comum encontrar famílias que precisam se reestruturar para receber em casa novos integrantes, como os pais ou ainda os sogros. Mas, como lidar com essa mudança sem afetar a relação do casal?
Segundo Denise Miranda de Figueiredo e Marina Simas de Lima, ambas psicólogas, trata-se de um enorme desafio, como também uma prova de maturidade e empatia. “Nessa situação é preciso se colocar no lugar de quem precisa de abrigo, assim como no lugar do filho ou da filha. É um momento de colocar a empatia e a solidariedade em prática. Como filho ou filha é a hora de retribuir tudo o que os pais já fizeram por nós. Isso pode ajudar a lidar muito melhor com a mudança”.
Por outro lado, essa compreensão nem sempre pode ser tão fácil para genros e noras. Segundo um estudo da psicóloga Terri Apter, 60% das noras e 15% dos genros têm problemas com as sogras. O estudo virou um livro “What Do You Want From Me?” (O Que Você Quer de Mim”). Entre os principais problemas da rivalidade entre noras e sogras estão os cuidados com as crianças e o trabalho doméstico.
Como resolver esse dilema?
“O casal precisa sentar e conversar para chegar a um acordo. Precisa fazer um planejamento para decidir todos os detalhes, como reorganização do espaço físico, contas, logística de médicos, pagamentos, etc. Depois, é importante comunicar os filhos. O processo de adaptação pode ser longo e é preciso paciência e flexibilidade para dar certo”, diz Denise.
Algumas dicas para ajudar na transição:
Regras da casa: Mostre desde o começo qual é a rotina da casa, assim como os horários das crianças, atividades, etc. Peça para que esses limites sejam respeitados.
Resolução de conflitos: Procure resolver o problema diretamente com a sogra ou o sogro. Isso porque quando há conflitos o (a) parceiro (a) fica no meio do fogo cruzado, sem saber qual lado escolher. E o fato é que em um relacionamento saudável não é preciso fazer nenhuma escolha. Pelo contrário, o ideal é somar esforços para o bem de todos.
Relação amigável: Certamente antes de casar você fazia um esforço para agradar os sogros, por que não continuaria agora? Então, procure manter uma boa relação para o bem-estar da família e claro da relação a dois.
Preserve a sua intimidade: O casal deve procurar preservar a intimidade, reservar momentos para o namoro, o sexo, como fazia antes. E neste caso, o (a) sogro (a) precisa respeitar esses momentos.
Inclusão: É importante que o (a) sogro (a) seja incluído nos programas familiares, pense que agora a família tem um novo membro. Se a condição de saúde permitir, deixe que ele (ela) participe das atividades da casa, como regar plantas, lavar louça, atender ao telefone, etc. Assim, ele (ela) pode construir um papel dentro da família para não se sentir apenas um hóspede de passagem, mas sim fazer parte desse novo sistema familiar.
“Talvez essa seja uma das questões familiares mais complexas para se administrar. O desafio é passar por esta situação da melhor forma possível e de uma maneira suave. É preciso ajudar a família nuclear e a família de origem a se adaptarem a esse novo contexto, que deve ser desenhado conjuntamente, com combinados claros e preestabelecidos por meio do diálogo franco. A relação a dois tende a ganhar novos significados, se fortalecer em função vivência da lealdade e dos cuidados com os pais e irá ao mesmo tempo ensinar aos filhos um modelo relacional afetivo melhor enquanto membro dessa família”, concluem as especialistas.
Denise Miranda de Figueiredo e Marina Simas de Lima são psicólogas, terapeutas de casal e fundadoras do Instituto do Casal.
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