Solidão: ter pouco tempo para cultivar as relações familiares e as amizades é uma realidade para muitas pessoas, principalmente nos grandes centros urbanos, como a cidade de São Paulo, o que pode contribuir para sensação de isolamento.

Comprovadamente, a solidão é tão maléfica para a saúde quanto o tabagismo ou o consumo de álcool em excesso. Essa foi a conclusão de um estudo publicado no Plos Medicine, que analisou 148 pesquisas sobre mortalidade em função de relações sociais.

Os resultados apontaram que pessoas que tinham relacionamentos sólidos e verdadeiros tinham 50% de chance a mais de sobreviver quando comparadas aos mais solitários ou àqueles com relacionamentos superficiais. Portanto, a pesquisa mostrou que o impacto das relações sociais sobre o risco de morte é comparável a outros fatores, como o tabagismo e o alcoolismo.

Segundo a psicóloga Ghina Machado, além do impacto na saúde física, a solidão também aumenta o risco de desenvolver a depressão. Um estudo feito pela Universidade de Helsinki, na Suécia, mostrou que pessoas que vivem sozinhas têm 80% mais probabilidade de se tornarem depressivas quando comparadas àquelas que vivem com amigos ou parentes, por exemplo.

De onde vem a solidão?

A solidão é uma reação emocional que surge quando nos sentimos insatisfeitos com os relacionamentos que temos ou simplesmente quando nos sentimos sós. Embora aqui vale uma ressalva: solidão e isolamento social são diferentes. O primeiro pode ser imposto por situações da vida, como uma mudança de cidade ou por uma doença.

“Já a solidão é a sensação de sentir-se só. Então, podemos dizer que o isolamento social pode levar à solidão, mas essa pode ocorrer sem que haja isolamento social, ou seja, mesmo que a pessoa esteja inserida em um grupo, ela ainda pode se sentir só”, explica a psicóloga.

“Atualmente, o nosso comportamento frente à tecnologia, por exemplo, pode levar a esse sentimento. Troca-se um encontro pessoal por uma mensagem instantânea; troca-se a conversa na hora do jantar pelo celular. O que precisamos reforçar é que compartilhar momentos com amigos e familiares tem uma enorme importância para nossa saúde física e mental. Porque, independente do estágio da vida em que nos encontramos, precisamos de proteção, afeto, segurança e suporte. Ter bons relacionamentos é um dos pilares para ser feliz e viver mais”, diz Ghina.

Como usar a solidão a seu favor

Nem sempre a solidão deve ser encarada negativamente. “Não é recomendado fazer da solidão um estilo de vida. Mas, nos momentos em que estamos sozinhos, temos a oportunidade de entrar em contato com nossos sentimentos, pensamentos e refletir sobre nossas vidas. Isso é muito importante, porém devemos e precisamos cultivar relacionamentos para nosso bem-estar físico e mental”, explica Ghina.

Alguns comportamentos que podem ajudar a minimizar o sentimento de solidão e cultivar as amizades:

  1. Menos tecnologia, mais contato humano: Procure usar menos o celular, principalmente nos encontros com outras pessoas. Marque de sair com os amigos ou visitar os parentes. É preciso se dedicar aos relacionamentos para eles se tornarem satisfatórios.
  2. Adote um PET: Adotar um gato ou um cachorro pode ajudar a superar os momentos de solidão. Mas, lembre-se que uma vida dependerá de você, portanto é preciso responsabilidade para cuidar de um animal de estimação.
  3. Ocupe-se: Muitas vezes, há momentos em que você pode se sentir mais sozinho. Aproveite para fazer alguma atividade, como dançar, caminhar, ser voluntário, participar de algum projeto que envolva o contato com outras pessoas.

Entretanto, se o sentimento de solidão está presente na maior parte do tempo e existe dificuldade em estabelecer e manter vínculos, é recomendável procurar acompanhamento psicológico.


Ghina Machado é psicóloga e cofundadora da Clínica Estar.

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