Quando se pensa na maternidade, logo buscamos a imagem de uma mãe feliz com seu bebê no colo, trocando olhares e sorrisos.

Hoje em dia muitos artigos trazem o outro lado da maternidade, com depoimentos de mães que ilustram o pedido de não romantizarem demais a gestação, o trabalho de parto, os cuidados e as mudanças importantes e significativas que a mulher passa.

Sendo a maternidade muitas vezes uma escolha, por que alguém desejaria desafiar futuras adaptações na vida, muitas vezes correndo-se riscos, dificuldades e até adoecimento emocional no enfrentamento da super novidade em sua rotina?

Assim como tudo na vida e em todas as passagens de fases, épocas e processos do desenvolvimento e relações sociais, todos esses acontecimentos têm dois lados. Como quando iniciamos a entrada na escola, quando precisamos decidir uma carreira, quando há ajustamento na convivência de um casamento e assim se faz também no novo cargo social de mãe.

Acredito na importância de se permitir a todos esses sentimentos e confusões de amor, cuidado, preocupação e dedicação com filho, mas como também a permissão do cansaço, dor, tristeza, angústia, ansiedade, insegurança e também preocupação que essa função traz.

Porém, não se deve prender-se a essas emoções negativas que possam atrapalhar e prejudicar sua relação familiar e sua autoestima, reconhecendo e externalizando seus limites, procurando expressar as mudanças do corpo novo, de um pós-cirúrgico, de uma enxurrada de informações sobre cuidados com bebê e seu autocuidado, além de lidar com atividades domésticas e também a atividade profissional.

Diante de uma montanha de situações necessárias para lidar, pois é sua nova realidade, deve-se pensar na maternidade como mais uma e talvez uma das mais importantes experiências de resiliência.

A resiliência não é medida ou avaliada pelo grau de dificuldade ou o desafio em manter o equilíbrio da situação, mas sim, quando se percebe que em mais uma etapa da vida se amadureceu e assim se fortalece para seguintes desafios.

O tempo é uma grande questão, onde se inverte a direção e prioriza-se sua atenção absoluta ao bebê, e a responsabilidade que é cuidar de um recém-nascido. A dependência, a amamentação, a sobrecarga e a total disponibilidade geram momentos de desespero, onde muitas vezes nem se consegue realizar seu autocuidado.

Assim como é necessário o estímulo ao bebê para seu novo processo de desenvolvimento, também é necessário trazer no meio de tudo isso o incentivo à sua autoadmiração, sua autoconfiança, buscando sempre enxergar o lado positivo e a aprendizagem nas vivências, mas sabendo também o momento de aceitar e pedir ajuda.

Marcela Eiras Rubio
Graduada em Psicologia pela Universidade São Marcos, Aprimoramento Profissional em Atendimento Interdisciplinar em Geriatria e Gerontologia pelo IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) e pós-graduação em Gestão de Pessoas pelo SENAC. Atuações como psicóloga hospitalar no Programa Melhor em Casa do Hospital Municipal Dr. Moyses Deustch – Mboi Mirim, HGIS (Hospital Geral de Itapecerica da Serra) e HRC (Hospital Regional de Cotia). Atualmente atua como consultora em Recursos Humanos na RHF Talentos – Unidade São Paulo.
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