Palavras, o vento leva, eu sei…
Mas há momentos que elas
dão significado ao tempo.
Quando penso em você me alegro.
Quando penso em nós, me preencho.
Como explicar para alguém, se fosse o caso, que pequenos diálogos, quase roubados, consigam afagar um coração aflito, dando significado a um tempo sem tempo.
Sabemos que isto não é nada em relação ao todo.
Todavia, sabemos que, ao mesmo tempo, é muito se comparado ao nada.
É o que temos! É o que sempre teremos para um acalanto diferente.
Sonhar o sonho sonhado (Calderon de La Barca)…
Sonhar um sonho impossível, devaneios, anseios, desejo…
Temos saúde (pelo menos por enquanto).
Temos família para amar e nos dar amor…
Temos casa, conforto, comida farta, amigos…
Temos Deus!
Todavia, penso que queremos e precisamos de um pouco mais .
Um momento fugaz, um gesto de carinho …
Não muito, nem é preciso.
A vida é feita de pequenos bocados – instantes fugidios, valem mais, muitas vezes, que anos vividos.
Pequenos gestos roubados de carinho, um tesão sem toques e sem palavras.
Olhares penetrantes que se cruzam à distância, dizem muito.
São marcas em brasa num coração para vida toda.
E, quando, esses instantes se permitem escapulir do guardado da memória, trazem à tona sorrisos só nossos e nos esquentam a face.
Obrigada por passar essa minha quarentena (de já 60 dias) comigo.
Eu a compartilhei com algumas pessoas.
Contudo, com você foi diferente:
Eu a vivi!
Fim de um outono perturbador.