A urtiga (Urtica dioica) é uma planta medicinal antiga, conhecida por seus pelos urticantes que causam irritação na pele ao toque. Apesar dessa característica, quando processada corretamente, perde o efeito irritante e pode ser utilizada com segurança em chás, cápsulas ou até em receitas culinárias. Rica em compostos bioativos, a urtiga vem ganhando destaque por seus efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, benefícios que têm despertado o interesse da ciência e da população.
Segundo a Dra. Natália Ipaves, coordenadora do curso de Nutrição, a urtiga é uma planta de composição rica e versátil. “Contém vitaminas A, C, K e B1, minerais como ferro, cálcio, magnésio e potássio, além de flavonoides e ácidos fenólicos com ação antioxidante. Esses compostos ajudam a reduzir inflamações e proteger as células do organismo”, explica.
De acordo com a especialista, o chá de urtiga pode ajudar no controle de dores articulares, como artrite, artrose e reumatismo. “A planta tem efeito anti-inflamatório e antioxidante, reduzindo a produção de citocinas inflamatórias. Estudos clínicos mostram que seu uso regular pode aliviar desconfortos e rigidez nas articulações”, destaca Natália.
Outro benefício importante está relacionado à saúde renal. A professora explica que a urtiga tem efeito diurético, ou seja, estimula a eliminação de líquidos e toxinas por meio da urina. “Esse processo auxilia na prevenção de infecções urinárias e contribui para a saúde dos rins. Além disso, os antioxidantes presentes na planta ajudam a proteger o tecido renal contra danos oxidativos”, complementa.
Além da ação anti-inflamatória e diurética, a urtiga oferece uma série de outros efeitos positivos para o corpo. Entre eles, estão o controle da pressão arterial, a regulação da glicemia, com estímulo à produção de insulina e redução da absorção de glicose, a melhora da saúde da próstata e do equilíbrio hormonal, o fortalecimento do sistema imunológico e o alívio de cólicas menstruais e sintomas alérgicos.
O preparo é simples, basta adicionar 1 colher de sopa de folhas secas de urtiga em 250 ml de água fervente, deixar em infusão por cerca de 10 minutos, coar e consumir. A recomendação, segundo a professora, é beber de uma a duas xícaras por dia, sempre com orientação profissional, especialmente em caso de uso contínuo ou associado a outros tratamentos.
Outras formas de consumo
Além do chá, a urtiga pode ser aproveitada de diversas maneiras. “As folhas podem ser cozidas em sopas ou refogadas, como se fosse espinafre. Também é possível encontrá-la em cápsulas, extratos, cremes tópicos e tinturas naturais”, explica Natália.
Apesar de ser uma planta segura para a maioria das pessoas, a especialista alerta que o consumo da urtiga deve ser feito com cautela. “Gestantes, lactantes, pessoas com pressão baixa ou doenças renais graves devem evitar o uso. Também é importante ter cuidado ao combiná-la com medicamentos diuréticos, anticoagulantes ou para diabetes e hipertensão, já que pode potencializar seus efeitos”, orienta.
Para a professora, a urtiga é um exemplo de como o conhecimento científico pode valorizar saberes tradicionais. “É fascinante perceber como uma planta que causa irritação ao toque pode oferecer tantos benefícios quando utilizada corretamente. O uso de fitoterápicos como a urtiga deve sempre ser acompanhado por um profissional da área da saúde, garantindo segurança e eficácia”, finaliza.