A adoção da aromaterapia tem ganhado espaço como prática complementar e não invasiva em cuidados de saúde, mas é essencial conhecer tanto suas vantagens quanto suas limitações. Uma revisão científica ampla, publicada em 2024 na ScienceDirect, destaca que óleos essenciais podem exercer ações antimicrobianas, analgésicas, anti-inflamatórias e ansiolíticas, contudo enfatiza a necessidade de padronização, certificação e atenção à pureza desses produtos para garantir sua aplicação segura e eficaz. Essa fundamentação reforça que a aromaterapia, embora promissora, não deve ser encarada como uma solução universal e exige conhecimento técnico responsável.
A Dra. Talita Pavarini, doutora em Enfermagem com atuação em práticas integrativas em saúde, ressalta que “a aromaterapia pode oferecer alívio físico e emocional, mas apenas se for usada com respeito à dosagem, à forma de aplicação e às condições individuais de cada pessoa.” Ela reforça que o uso consciente, com protocolos ajustados ao ritmo e sensibilidade de cada organismo, é essencial para evitar ilusão de eficácia e possíveis danos.
Entre os benefícios mais reconhecidos estão o alívio da ansiedade, da tensão muscular e da dificuldade para dormir. Aromas como lavanda (Lavandula angustifolia), camomila e bergamota têm ação calmante comprovada e favorecem o relaxamento profundo. Já óleos como hortelã-pimenta ou eucalipto podem melhorar a percepção respiratória e o foco em situações estressantes. Ainda assim, a especialista alerta: “qualquer óleo essencial, por mais suave que pareça, pode provocar irritação cutânea, sensibilização alérgica ou reações sistêmicas. A aplicação pontual, em diluição adequada e respeitando contraindicações, é essencial.”
Os riscos, embora raros, são relevantes. Alguns óleos intensos, como canela, orégano e bergamota, podem causar queimaduras, fotosensibilidade ou até interações com medicamentos. Há até casos que o excesso de dose em crianças com óleo de eucalipto por ingestão oral levou a dificuldades respiratórias.
No aspecto emocional, a aromaterapia pode ativar vias neurais que modulam humor e estresse. “Por atuar diretamente no sistema límbico, ela pode promover estados de calma, foco ou conforto, dependendo do óleo essencial escolhido. Mas essa resposta também varia de pessoa para pessoa”, afirma Talita. Assim, é importante acompanhar os efeitos individuais e ajustar a escolha dos óleos conforme sensibilidade e resposta clínica.
Práticas comuns, como difusores ambientais, óleos de massagem ou inalações pessoais, devem ser acompanhadas por orientações claras sobre tempo de exposição, método de aplicação e quais resultados esperar. E, ainda, devem respeitar o contexto: o mesmo aroma que alivia em casa pode ser irritante em ambiente hospitalar ou com pessoas com doenças respiratórias crônicas.
Com a popularização da aromaterapia nas redes sociais e no marketing natural pode incentivar o uso generalizado, mas a especialista alerta que “modismos sem respaldo técnico podem colocar o usuário em risco. Aromaterapia não é apenas fragrância agradável, é técnica, ciência e respeito à individualidade.”
A aromaterapia emerge como alternativa sedutora para quem busca bem-estar, mas seu uso responsável depende de conhecimento, respeito ao organismo e respaldo técnico. Bem aplicada, pode sim tornar o cuidado de saúde mais sensorial, emocional e acolhedor, mas jamais sem critérios e segurança.
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