Em um mundo cada vez mais acelerado e repleto de desafios, o design de interiores desempenha um papel crucial na promoção do bem-estar emocional. Seja em casa ou no trabalho, ambientes bem projetados podem influenciar positivamente o humor e a saúde mental das pessoas, contribuindo para a redução de sintomas de ansiedade e depressão.
Segundo um estudo realizado pela psicóloga ambiental Sthephani Robson, pessoas mais ansiosas tendem a se sentar ao lado de paredes, cantos ou divisórias, elementos que proporcionam uma sensação de maior controle sobre o espaço, oferecendo refúgios de tranquilidade e conforto. A coordenadora do curso de Tecnologia em Design de Interiores e professora no curso de Arquitetura e Urbanismo, Karine de Arimateia, explica que esse tema é respaldado por pesquisas em neurociências e arquitetura.
“Essa área de pesquisa é popularmente conhecida como Neuroarquitetura. O estudo entende que, para melhorar os espaços, além das variáveis do ambiente que auxiliam na promoção do bem-estar dos usuários, como cores, iluminação e outros, é necessário avaliar o público que os frequenta, já que cada indivíduo possui suas próprias experiências”, explica a Karine.
À medida que a sociedade reconhece a importância do bem-estar emocional, a integração de elementos de design e decoração que promovem a saúde mental está ganhando força entre especialista da área de arquitetura e design de interiores. As escolhas adequadas no design podem ajudar a criar ambientes que favorecem a concentração e reduzem o estresse, proporcionando um espaço mais acolhedor e confortável para os moradores.
Com a crescente procura sobre o tema, a Newton Paiva, centro universitário localizado em Belo Horizonte – MG, inaugurou em 2023 o Grupo de Pesquisa NEURA, coordenado pelas professoras Karine de Arimateia e Riviane Bravo. O grupo, que vincula os cursos de Psicologia, Arquitetura e Tecnologia em Design de Interiores, foi criado para abordar essa temática. “Os profissionais da área estão buscando continuamente soluções inovadoras para criar ambientes que apoiem a resiliência emocional e a qualidade de vida”, comenta Karine. Pensando nisso, a especialista separou algumas dicas de como melhorar o ambiente:
Cores: As cores têm um impacto significativo nas emoções humanas. Por isso, as cores que escolhemos para as paredes, podem influenciar o humor. Tons suaves de azul e verde, por exemplo, são conhecidos por suas propriedades calmantes e relaxantes, enquanto cores vibrantes como vermelho e amarelo podem aumentar os níveis de energia e estimular a criatividade.
Plantas: A biofilia é a conexão do ser humano com a natureza e coisas vivas. Assim, ter plantas naturais no ambiente ajuda a melhorar a respiração, diminuindo o nível de estresse e cansaço mental. Além disso, o cheiro das plantas também pode estimular a produtividade e a qualidade de sono.
Aromas: Aromatizar o ambiente ajuda a combater a depressão e a ansiedade, trazendo sensações de bem-estar, acolhimento e alegria.
Iluminação: A iluminação é outro fator determinante para o bem-estar emocional. A luz solar estimula o corpo a produzir serotonina, melhorando o humor e diminuindo a ansiedade e o estresse. Além disso, o uso estratégico de luzes artificiais, como luminárias com temperatura de cor ajustável, pode criar diferentes atmosferas que se adaptam às necessidades emocionais dos indivíduos.
Organização: Um estudo publicado na Environment and Behavior, em 2016, por pesquisadores da Universidade de New South Wales, na Austrália, apontou que lugares desorganizados provocam mais estresse nas pessoas, assim como frustração e cansaço. Isso pode estimular a depressão, que costuma apresentar sintomas como fadiga e desânimo. Portanto, colocar tudo em ordem proporciona uma sensação de controle e de missão cumprida, trazendo segurança.
Desta forma, investir na criação de ambientes que favoreçam o bem-estar emocional é mais do que uma tendência, é uma necessidade crescente na sociedade moderna. A integração de elementos que estimulam os sentidos e promovem o relaxamento, podem transformar significativamente a experiência diária das pessoas, mostrando que espaços bem planejados têm um impacto profundo e positivo na vida e no desempenho de todos que os utilizam.