Há pessoas que, a cada Réveillon, aderem à promessa de emagrecer no ano que se inicia. Muitas desistem sem nem tentar, enquanto outras até se esforçam, mas, diante das dificuldades, acabam abandonando a empreitada no meio do caminho, apenas para tentar novamente no ano seguinte.

“Não existem atalhos para emagrecer”, diz o gastroenterologista focado em tratamentos endoscópicos para obesidade Joffre Rezende Neto. “Perder peso exige muito esforço e comprometimento, por isso uma ajuda profissional pode ser imprescindível.”

Segundo o profissional, não adianta recorrer a fórmulas propagadas pela internet quase como que mágicas, como é o caso das dietas conhecidas como detox, baseadas principalmente no consumo de líquidos (sucos, água e sopas) e vegetais. Essa forma de se alimentar supostamente auxiliaria no melhor funcionamento dos rins e do fígado, promovendo uma “limpeza” no corpo. 

“As dietas ditas detox não têm a menor eficácia”, avalia o médico. “O tratamento contra a obesidade deve ser planejado a médio e longo prazos. Esse tipo de abordagem só serve para que o paciente desregule ainda mais seu centro de apetite.”

Dietas detox, assim como outras de teor restritivo, podem até gerar um efeito imediato, porém, acabam acarretando um efeito rebote. No fim das contas, todo o peso perdido acaba readquirido novamente em um prazo muito curto de tempo, podendo até causar prejuízos à saúde.

“O paciente às vezes tem uma perda grande de peso às custas da perda de massa muscular, que é o que mantém o metabolismo dele. Então, quando o paciente para com a dieta, ele está com um nível de gordura maior e ainda pode estar com uma compulsão alimentar, que pode ser secundária a dietas muito restritivas”, comenta o especialista.

Se dietas “mágicas” não funcionam, o que resta é mudar a mentalidade e desenvolver um novo padrão de comportamentos de longo prazo, compreendendo uma alteração nos hábitos alimentares e a prática regular de exercícios físicos.

Joffre pontua que parte da dificuldade de se aderir a um novo estilo de vida está no fato de que os resultados do emagrecimento não vêm a curto prazo. “É preciso constância e aderência inclusive aos fins de semana. Muitas vezes a pessoa não leva a dieta a cabo no sábado e no domingo e acaba reganhando todo o peso que perdeu durante a semana”, afirma.

Por esse e outros motivos, o médico ressalta que o acompanhamento com um psicólogo pode ser um grande aliado. Além de auxiliar no comprometimento com os novos hábitos, a ajuda especializada pode contribuir no combate a potenciais transtornos alimentares.

“O acompanhamento psicológico ajuda muito porque muitas vezes os comportamentos de excessos alimentares são devidos a uma fome emocional, em que a pessoa descarrega na comida a ansiedade. Quando a gente identifica esse gatilho, por meio de um tratamento psicológico, a gente consegue direcionar essa descarga em outros pontos”, destaca Joffre.

O médico salienta que qualquer mudança de comportamento, seja ela súbita ou gradativa, tem maiores chances de funcionar com o apoio de profissionais especializados. “A chance de haver aderência com um nutricionista, um educador físico ou um psicólogo é muito maior que sozinho”, afirma.

Joffre pondera também que, quanto antes se buscar a ajuda, mais fáceis são os tratamentos e maiores são as chances de os resultados se manterem no longo prazo. “O emagrecimento, em muitos casos, pode significar o tratamento de uma doença, que é a obesidade. Postergar o tratamento pode levar ao ganho de peso no longo prazo e ao aparecimento de comorbidades. Se eu, enquanto especialista, consigo intervir precocemente, posso utilizar procedimentos minimamente invasivos. Se a pessoa busca ajuda apenas quando o estado da doença está avançado, muitas vezes apenas a cirurgia vai conseguir resolver”, ressalta.

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